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01 MAR 2017
A guerra fria árabe
Por Jornal Abarca

Enquanto o mundo permanece ofuscado pelos holofotes que, desde 2011, não arredam pé da guerra na Síria, o Iémen, ali bem perto, afunda-se numa crise humanitária. A guerra, entre os rebeldes Houthis e as forças nacionais e estrangeiras pró-governamentais, desencadeou-se em 2014 e, desde então, perante a negligência internacional, parece que tudo vale. Este cenário agravou-se desde 2015, quando uma coligação de vários países muçulmanos, liderados pela Arábia Saudita, interviu no conflicto em apoio ao governo iemenita. Em simultâneo, os EUA, a França e o Reino Unido, tem prestado apoio a esta coligação. Porém, na realidade, a guerra no Iémen é apenas um dos palcos do principal conflito existente no Médio Oriente e, contudo, talvez o mais imperceptível: o conflito entre a Arábia Saudita e o Irão. Há muito que ambos disputam o domínio e influência sobre a região. O conflito não é directo mas é cada vez mais notório. E não é para menos. O Irão, com mais de 80 milhões de habitantes, é o maior país muçulmano xiita no mundo, enquanto a Arábia Saudita, de maioria muçulmana sunita, continua a considerar-se, por direito, como o centro do mundo islâmico. Afinal de contas, na Arábia Saudita encontram-se duas das três cidades santas do Islão: Meca e Medina. Esta rivalidade tem sido perceptível pelo apoio prestado por ambos os países a governos e minorias envoltos em conflitos nacionais. Na Síria, o Irão apoia os rebeldes, enquanto a Arábia Saudita apoia o governo de Assad; no Bahrein o Irão apoiou as revoltas anti-governo, enquanto a Arábia Saudita enviou tropas para segurar a casa real sunita; no Líbano, o Hezbollah tem igualmente laços muito fortes com o Irão e, no Iémen, suspeita-se que o Irão esteja a fornecer armamento aos rebeldes. Assim, os conflitos no Médio Oriente são peças de um puzzle maior e que opõem as grande potências da região. Esta rivalidade alimenta-se da fragmentação étnico-religiosa dos países da região, criados pelas potências europeias após a I Guerra Mundial, que desenharam estes países a “régua e esquadro”. Enquanto estas divisões existirem, os pequenos países da região serão sempre peões num jogo cada vez mais complexo.

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