Os jornais também se fazem de histórias, ou mais precisamente, os jornais fazem-se de histórias, entendimento ainda mais premente quando se trata de um mensário.

Histórias de vida e de gentes cujas vivências fazem a história e a identidade das localidades onde vivem, ou viveram. História de quem acredita que o chamado desperdício não o é, pode e deve transformar-se em riqueza e melhoria de qualidade de vida. “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” (Lavoisier). A cada um de nós não se pede que mude o mundo, espera-se que o mundo não o mude. O mundo é feito de nadas/de grandes águas paradas à espera de movimento.

Nesta edição contamos várias histórias, poderia designá-las reportagens ou entrevistas. Prefiro chamar-lhes histórias. De Galveias à Chamusca, de Mouriscas ao Sardoal ou algo transversal a todo um território com os “míticos” moinhos. Somos um povo hospitaleiro, de solidariedade ímpar que faz mover montanhas. Somos uma povo de reacção rápida, mas nem sempre duradoura. Os políticos entreterem-se a encontrar culpados e a tentar que rolem cabeças. Nada tenho contra. Se há culpados que paguem pela tragédia que se abateu no centro do país. Mas se o SIRESP funcionar a 100%, e todas as estruturas tiverem a mesma eficácia, deixará de haver fogos? Infelizmente não acredito. O maior problema é muito anterior e digo eu da minha cadeirinha igual à da Mafaldinha, matem a carraça e tratem o doente. Caso contrário não haverá melhoras.

Por outro lado, que daqui a uns meses a canção de Duarte e Ciríaco (“Naufrágio) sejam palavras ocas: “(...) Enche-se a praia de gritos / Da gente da minha aldeia /Ao ver o corpo do Zé  [Torto]/Trazido pela maré cheia //(...) E no enterro à viúva/Levando ao Zé muitas flores/Prometem-lhe a sua ajuda (...) //Mas dois anos já passados /Na praia da minha aldeia/Vêm-se cinco crianças/Brincando nuas na areia (...).