Papá, és tu? Tu pareces o Pai Natal! Tens a cara como a dele! Deixa-me ver o teu pescoço. Fala lá papá! O Pai Natal ainda tentou disfarçar e deitar cá para fora o seu característico oh! oh! Oh! Mas não suficientemente convincente, pois o Samuel continuou: Papá, papá, és tu, não és? E foi assim, que o nosso Samuel de 6 anos, descobriu o ano passado que afinal o Pai Natal era o seu papá.
Após o seu pai retirar a barba, ainda receei que a descoberta se transformasse numa grande desilusão para o Samuel. Mas nada disso. A sua preocupação no momento foi conseguir desembrulhar os brinquedos entregues pelo Pai Natal, o mais rápido possível. Entretanto o seu pai foi retirar a indumentária, e todos pudemos descontrair e deitar cá para fora as gargalhadas retidas, e não se falou mais nisso.
O que terá pensado o Samuel naquele momento? Nunca saberei. Mas uma coisa é certa, se a magia do Pai Natal existia em si, não me parece que tenha deixado de existir pelo facto relatado. Acho que para ele, o Pai Natal nesse dia era o seu pai. E somente isso. Este ano iremos reunir-nos mais uma vez no Natal, e acho que o Pai Natal aparecerá mais uma vez. Desta vez para tentar encantar a sua mana Débora com 2 anos. O ano passado não achou muita piada, àquele intruso barrigudo, de barbas brancas vestido de vermelho com um saco às costas que lhe entrou pela casa dentro, estou curioso para ver a sua reação este ano.
Quanto ao Samuel o melhor é não o questionar sobre a existência ou não do Pai Natal. Vamos aguardar pela sua reação. Será que vai obrigar mais uma vez o Pai Natal a tirar a barba, peruca, e o boné, ou vai somente concentrar-se nos presentes?
Falando em presentes, o Samuel não é de lhe agradar tablets, jogos de computador, carros e aviões telecomandados etc. A preferência do Samuel vai para os animais, mas não de peluche, geralmente em plástico ou material idêntico. De todos, o seu preferido é a vaca. Se for boi para ele passa a ser vaca. Para si só existem bois, mesmo que as tetas da vaca sejam notórias, para ele não conta. É macho e ponto final. Se afirmam o contrário, a discussão é certa.
Não me lembro de ver o Samuel sem um animal nas mãos. Para onde vai leva o animal. Os selvagens não lhe agradam grande coisa. Para além da vaca, gosta do porco, galinha, cavalo, cabra, ovelha, pato, galo…animais da quinta como refere. Certo dia, numa das visitas à minha casa, ainda pequeno, apontava sem parar para uma imagem da Nossa Senhora de Fátima que tinha em casa. Olha o menino quer a santa! Mas enganamo-nos, o menino queria a pomba minúscula que estava fixada aos pés da imagem. E como tirá-la de lá? Galos de Barcelos e outras imagens de animais que se encontram a decorar, vão todas parar às mãos do Samuel.
O mais estranho é que o Samuel tem medo de gatos, cães, gafanhotos, etc. Adora os animais, mas em plástico. Também não fica nada perturbado se lhe contarmos que os animais são mortos para nos alimentarmos deles. Responde que servem para isso.
O Samuel é meu afilhado. Adivinhem o que mais uma vez me pediu como prenda de Natal? Uma vaca. Desta vez com um pormenor adicional. Quer uma vaca de bossa como há no Brasil. Conheceu-as num documentário na televisão, e desta vez é uma dessas que quer. Este tipo de animais têm realmente uma bossa, chama-se “cupim”. Vamos ver se consigo satisfazer os seus desejos. A procura já começou. Vamos ver se encontro uma vaca de bossa. Mesmo que seja boi, para ele será vaca, por isso interessa é encontrá-la seja macho ou fêmea. Tarefa mais facilitada.
