Natal é celebração do nascimento.

É dia de alegria e de estar em família.

Infelizmente, este ano de 2017, vai ser, para muitos, o primeiro ano da ausência de familiares que, por irresponsabilidade daqueles a quem entregamos o dever de nos proteger, partiram, muitos na flor da vida, de tenra idade, sem sequer se poderem despedir dos mais próximos. A vida e os bens de cada um não dependem só do próprio, dependem de muitos outros que, pelo que se constata, não têm qualquer pejo em alijar culpas e responsabilidades que assumem ao aceitarem cargos e funções que podem dar grande notoriedade, mas são muito mais do que isso! Todos ansiamos por ser “pessoas importantes” perante os outros, alimentamos o ego e o egoísmo com a jactância na razão inversa da assunção da responsabilidade inerente.

Quando, nestas situações, há vidas em jogo, estes procedimentos irresponsáveis são crime e como tal devem ser tratados. Não é esta a situação! Quem falhou continua a falhar, quem corre riscos por estas falhas continua a corrê-los. Quem já mostrou irresponsabilidade continua nos seus cargos de “pessoas importantes” e o “povo” continua a pagar e sofrer com esta ausência de escrúpulos.

Foram os incêndios, foi a legionela, foram os doentes que morreram à procura da cura nos serviços de saúde, foram roubos e assaltos (até nas forças ditas de segurança – militares e militarizadas), são os acidentes rodoviários todos os dias, são os acidentes de trabalho, enfim é um rol de acontecimentos que nos deixam com gravíssimas esperanças em relação ao futuro.

Natal – celebração da família.

Mas que família?!

Será que ainda existe esta célula base da comunidade?

É tão fácil constituir hoje família, basta “ajuntarem-se”, ter filhos, e passados cinco, seis anos, rejeitar tudo, desfazer o compromisso e ir em busca de outra qualquer felicidade pessoal, deixando para trás as marcas bem vincadas nos traumas daqueles que geraram e que egoistamente abandonaram, porque só a sua vida própria lhes interessa. É este o panorama a que assistimos ao vermos a criança, ao sábado ou ao domingo, com o pai ou a mãe (esta menos frequente) no restaurante, sem trocarem palavra por que nada há a dizer entre pais e filhos que mal se conhecem, entre pais e filhos de fim de semana. Este é também outro panorama de irresponsabilidades que vai corroendo a sociedade e que a vai transformando em algo que nem na vida do animal dito irracional acontece! Quem já viu a andorinha abandonar os filhos no ninho antes de saberem voar e procurar a comida de que necessitam para viver?

Os irracionais são exemplo para os racionais!

Não vos quero deixar na tristeza desta vida que tem muitas regras e leis, mas que cada um cumpre à sua maneira, tentando o “buraco” para poder incumprir e disso tirar proveito. A tristeza não nos leva a lado nenhum, resta-nos enfrentar a realidade e, se possível, remar contra esta maré negra que invadiu a sociedade que se diz solidária. Gestos não faltam, mas serão solidariedade ou comiseração?

Para todos um Bom Natal, em Família, crentes ou não crentes, com alegria ou com tristeza, na presença dos que nos são mais próximos e que ainda não foram vítimas da irresponsabilidade humana.

Que o ano de 2018 seja o ano da reconciliação social, da assunção da plena responsabilidade pelo que somos e pelo que não fomos capazes de ser.

Boas Festas e um Óptimo Ano Novo.