Home »
20 DEZ 2017
Dia da Família
Por Jornal Abarca

O que é o Natal? Cada um tem a sua teoria e a sua resposta.

Como ateu assumido que sou, a matriz católica do Natal nunca significou muito para mim. As tradições religiosas nunca me despertaram qualquer sentimento nem filiações.

Não significa isto que desvalorizo a época ou quem segue as tradições. Nada é mais válido do que a nossa fé: em Deus, na ciência ou em nós próprios. O valor mais alto da democracia é sabermos respeitar a fé de cada um, por mais que não seja a nossa.

Ao longo dos anos fui assistindo a uma transformação do Natal enquanto época de comemoração católica para temporada de comércio, onde o consumismo tem tomado lugar de destaque à frente de qualquer fé que festeje o nascimento de Jesus Cristo.

Isso gera em mim um tremendo sentimento de decepção. Sim, eu ofereço presentes, mas recuso-me a fazer do Natal um momento para pavonear-me em bens materiais, como se daí dependesse a minha felicidade nesta época.

Em Moçambique, lugar que me dará memórias incríveis para toda a minha vida, motivos políticos mudaram o feriado de 25 de Dezembro de Natal para Dia da Família. Para mim, ateu e anti consumista por natureza, isto parece-me fazer todo o sentido.

Não é a missa do galo nem os centros comerciais cheios que me dão significado a este dia, mas sim as pessoas pelas quais a nossa vida tem mais sentido. Basta a música da época, a família a encher a sala num abraço que se traduz em sorrisos, as crianças a desembrulhar os seus presentes na ilusão própria da idade, as luzes da árvore a iluminar uma mesa farta em gente e comeres que nos enchem a alma.

Na base de tudo isto, estarão sempre os meus avós maternos, Manuel e Natércia. Pais de cinco filhas, donos de uma dignidade e honestidade que procuro carregar pela vida, essa que dedicaram ao trabalho duro no campo e nas fábricas. Se sei o que é família, a eles o devo: deram-me tias que são mães para mim, primos que são irmãos. Uma mãe que é o amor da minha vida, um irmão que é mais do que um pai.

Se sei o que é Natal, é graças a eles, que não tinham sequer tempo para rezar mas tinham sempre um beijo para me dar. E hoje, a cada Natal, olho para a mesa e sei que nos reunimos ali todos por eles. O Natal para mim será sempre, sobretudo, isso: os meus avós.

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
Sim
Não
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design