À medida que vamos crescendo a lista de presentes vai ficando mais pequena e é dada cada vez mais importância ao que não tem preço nem é transaccionável.
Não que tenhamos sido tomados pela desilusão de um Pai Natal comercial vestido da cor da Coca-Cola. Nem mesmo feridos pelos incompreensíveis dogmas de uma Igreja que põe em causa a moral ou os valores que definem o melhor dos seres humanos.
Contradições à parte, a verdade é que, ora aguentando ora vivendo, vamos conquistando uma certa consciência do que realmente importa.
Está frio lá fora. Escurece cedo demais. Ligam-se as luzes da árvore e acendem-se as velas junto ao presépio.
Ajudo a pôr a mesa, dobro com todo o cuidado os guardanapos de linho e coloco-os do lado esquerdo, tal como a avó ensinou. A mesa está maior, sobram cadeiras. Recuperam-se memórias.
A vida é mesmo assim.
Se a idade nos acrescenta diopetrias, a maturidade torna-nos mais fortes. Aprendemos a lidar com as perdas e a valorizar pequenas conquistas, como a saúde, o amor, o respeito, a entre-ajuda...
O Natal tem essa força de nos fazer pensar.
Descobri cedo que o Pai Natal é a mãe. Nada cai do céu.
Talvez as estrelas...