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01 FEV 2018
QUEM SÓ ESPERA, NUNCA ALCANÇA
Por Jornal Abarca

Num livro cujo título retirei para esta crónica, o autor Eduardo Marçal Grilo, antigo ministro da Educação e administrador da Fundação Gulbenkian, dão como exemplo de sucesso uma empresa dos arredores de Bragança, na aldeia de Gimonde, que se dedica à indústria alimentar cuja base primacial é o porco da raça bísara.

A empresa é propriedade de uma família com a qual mantenho fundos laços de amizade desde há dezenas de anos, cuja estrutura nunca sofreu abalos desde que o Senhor Alberto Fernandes e mulher saíram de Carção (concelho de Vimioso) e estacionaram para fica na pitoresca aldeia banhada por três rios na periferia da cidade do Braganção. Porque ali ficaram?

O Senhor Alberto era almocreve, a sua argúcia revelada desde a juventude mostrou-lhe que a profissão tão enaltecida pelo escritor Aquilino Ribeiro, o Malhadinhas era almocreve, estava irremediavelmente ferida porque as transformações sociais levaram ao incremento dos transportes ferroviários (ao tempo, anos trinta do século passado, e rodoviário) daí a necessidade de procurar outros ares, poisos e negócios.

Ele tinha parentes estabelecidos no burgo bragançano, a família ajudava-se mutuamente, por essa razão o «mercado» brigantino estava fechado, tinha mais possibilidades de êxito na referida aldeia, sem quebra da dita solidariedade. O Sr. Alberto acatou o conselho, estabeleceu-se abrindo uma mercearia/taberna, além de comerciar os produtos da terra. A mulher, de nome Beatriz, além de exercitar os braços na lida da casa, aquecia o forno e fazia pão, cuidava da horta e educava espartanamente os filhos que se iam sucedendo.

A mercearia/taberna situava-se junto à berma da estrada rente a uma encruzilhada, o corrupio de cavalos, muares, asnos e burras intensificava-se à medida da melhoria da estrada e caminhos, por assim ser não faltavam fregueses a apreciarem os suculentos comeres elaborados e servidos pela dona Beatriz, paulatinamente, o casal acumulou réditos e lastrou outros negócios dentro da restrita fórmula de só gastar um escudo quando se lucraram vinte.

O Sr. Alberto morre prematuramente, a fiel companheira colocou os sinais de luto no corpo, a dor ficou na alma, no entanto, não desistiu de nada, incentivou os filhos a seguirem o exemplo do pai, naturalmente, as mudanças sucederam-se. Elas estão à vista e têm-se consolidado, obras de vulto na casa principal garantiram espaços para se criado o conhecido restaurante Dom Roberto, as moradias em volta receberam beneficiações e antecipando a euforia de agora foram reconvertidas em alojamento local, respeitando a traça, o emblemático xisto e o nome funcional de cada uma.

A Dona Beatriz faleceu, acredito que partiu satisfeita quanto à obra alcançada, feliz por saber que a mesma irá ser continuada e aumentada pelos amados filhos, neta e neto. E, assim aconteceu e acontece.

Na Quinta das Covas florescem flores nos relvados fronteiros ao rio, dando um conteúdo bucólico à residência de turismo de habitação e espaços de fruição dos ares sadios, dos sons maviosos, da recreação táctil e palatal, possibilitando aos olhos contínuo refrescamento visual enriquecido pelo revestimento vegetal dos montes sobranceiros.

E, os empreendedores continuam a sua labuta, a velha salsicharia deu lugar a uma moderna fábrica de processamento de carnes porcinas, delas saem produtos de distintas categorias vendidos e apreciados em esquisitos mercados chineses, europeus e nacionais, fabricados dentro de rigorosos procedimentos certificados ao dia acrescentando lucros, é evidente, prestígio e reconhecimento para a região conforme o livro do exigente Professor Marçal Grilo refere, e o conhecido gourmet e analista político Poiares Maduro, na qualidade de Ministro enalteceu vivamente.

De grosso modo penso ter traçado as linhas mestras da actual firma A. Montesinho, escorada na produção, transformação, comercialização, turismo e sua promoção, artes culinárias e gastronomia, porém cimentada na prudência e redobrada atenção às oportunidades de negócios nas suas áreas de intervenção. O leitor perguntará a asi mesmo da causa ou razão para escrever nas colunas deste jornal (cada vez mais revista de temas estruturais) sobre esta Casa de criação de emprego e reluzente no tecido empresarial do Nordeste Transmontano?

A causa, a razão são simples e acutilantes. O matemático, engenheiro, inventor Arquimedes de Siracusa, disse: Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o Mundo. Ora bem, o Sr. Alberto e a Dona Beatriz foram o ponto de apoio, o filho Alberto criou a alavanca e os resultados estão à vista. O agora comentador da RTP-3, Marçal Grilo entendeu salientar um exemplo de «querer é poder» situado no Interior do País, eu trago-o à colação porque o conheço bem na esperança de influenciar e motivar industriais e empresários daqui muito propensos à lamúria e muito habituados a só esperar.

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