Serão precisas convenções como o Dia dos Namorados para dizer a alguém que se ama?
Desvalorizemos o melhor perfume francês, as túlipas de Amsterdão ou o chocolate belga. O amor não se compra, demonstra-se. Com um olhar, um abraço, um beijo se estivermos por perto, bem perto. Com uma poema, uma música, uma fotografia, se a distância o exigir, ou não.
Raras vezes conseguimos imortalizar o que sentimos. Também por isso um dos muitos desafios numa relação passa pela capacidade de surpreender o outro, com gestos tão simples como preparar um jantar romântico ou mudar uma lâmpada sem o outro pedir.
O amor acontece. Mas a sua longevidade depende do que as duas partes estão dispostas a construir em prol de si mesmas e do outro. E por vezes é difícil, sim. É um trabalho diário conciliar a individualidade de cada um com o que se reconhece ser o melhor para a relação. Amar e ser amado é único, mas por si só insuficiente.
O ser humano é demasiado complexo. Erra, chora e faz chorar.
Muitas vezes os "Dias de" são uma oportunidade para a celebração ou uma desculpa para se pedir desculpa. Se ignorarmos toda a envolvente comercial criada em torno do 14 de Fevereiro, até é útil que o calendário avise os mais distraídos que faz falta amar mais, cuidar mais.
A vida é mesmo muito curta. Não nos podemos dar ao luxo de ser mais razão que coração. Mais responsabilidade que compromisso. O clique da paixão até pode ser imediato, mas é preciso um grande nível de empenhamento para demonstar que nos preocupamos, que queremos verdadeiramente a companhia daquela pessoa e, com ela, tornar possível a nossa ligação aos outros. Não tem que ser impossível. E nem sempre é para sempre...