"Engole uma espada. Endireita os ombros e olha em frente.
Já está? Retira-a então.
As marcas que deixou são para ficar. Agora sim, serás tu".
Voltei a lembrar-me destas palavras, continuando sem saber quem as disse, onde as ouvi ou exactamente em que circunstância começaram a fazer sentido...
A espada percorreu o esófago, mas na verdade o órgão atingido foi o coração. As feridas cicatrizaram em forma de dor. Previsível este resultado... É tão, mas tão difícil, fazer prevalecer a coragem de artista circense num contexto social como o que vivemos...
Entre um objectivo e um desejo, tento construir os mais belos cenários da realidade a que quero pertencer. Nela, é dada voz aos que querem participar e o silêncio é reconhecido como um direito e não uma limitação.
Para lá de cada um de nós, existe alguém com uma maneira diferente de ver e sentir as coisas. O que é bom. Acaba até por facilitar as nossas escolhas e ajudar-nos a perceber o caminho que queremos percorrer.
Se, por um lado, há sítios que não quero revisitar, existem lugares onde me sinto bem em voltar. Acho que a isso se chama liberdade.
Com ou sem espada, há golpes que nos põem à prova, em prova. E isso dá-me alguma esperança... A humanização ainda é possível.
Libertemo-nos de julgamentos ou estereótipos. Sejamos o Eu sem aniquilar o Outro. É tudo uma questão de respeito. E não dói nada!