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01 MAI 2018
QUO VADIS SPORTING?
Por Jornal Abarca

Um pouco inesperadamente, volto a escrever sobre o Sporting e Bruno de Carvalho.

Tudo porque, ontem à noite (19 de Abril) num dos canais da televisão, durante mais de meia hora, como pano de fundo do seu programa desportivo, se repetiram até nos causarem vómitos, imagens de Bruno de Carvalho a tentar comunicar com alguns jogadores antes, julgo eu, da marcação das grandes penalidades.

Da mesma maneira que tenho criticado a actuação do Presidente do Sporting não posso deixar de criticar agora o comportamento dos jogadores, estilo “virgens ofendidas”.

Bruno de Carvalho ainda é o Presidente do Sporting e, pelo menos por isso, deve merecer a consideração de todos os sócios e empregados do Clube. Os jogadores, sentiram-se ofendidos na sua dignidade profissional e responderam, também publicamente, às acusações de que tinham sido alvo. Estavam quites.
Como se dizia no meu tempo de “filmes de cowboys”, estava enterrado o machado da guerra.

Eu, se participasse em qualquer votação no Sporting, não apoiaria Bruno de Carvalho, mas também não votaria nos opositores conhecidos. Quase 80 anos de sportinguismo assumido levaram-me à conclusão de que a crise no Sporting não se resolverá com a eventual saída do actual presidente. Creio que a médio prazo a crise é insolúvel. Não só no Sporting como em todos os outros clubes portugueses de futebol profissional. Para a vencer seria preciso uma revolução e eu não conheço nenhum revolucionário, nem quando me vejo ao espelho !

Mais concretamente. Seria preciso:

·      acabar com a SAD;

·      acabar com os ordenados estapafúrdios de jogadores e treinadores, que servem para justificar os ganhos pornográficos dos seus agentes/empresários e até de alguns dirigentes de empresas e desportivos;

·      acabar com as votações presenciais, que mais não são do que uma forma de transformar a opinião de uma minoria de sócios, insignificante mas aguerrida, na vontade dominante.

Ainda não acabei...

Os leitores que estiverem pensando “Este gajo é parvo” podem ficar descansados, não me ofendem porque isso não é para mim novidade.

Há 57 anos, um antigo dirigente do Sporting de quem guardo muito saudosa memória, o Dr. Augusto Ventura Mateus, escrevia-me

 “...Para já posso dizer-lhe que encontro nas suas ideias algo de aproveitável, mas pureza em demasia, sem o ajustamento às realidades sociológicas do Mundo actual, e sem os necessários anti-corpos indispensáveis a uma boa saúde social. Não se esqueça que o que divide os Homens, nos agrupamentos ou comunidades, não são as ideias em si, mas as interpretações que cada um faz delas,.O que divide é a insuficiência de conhecimento, provocada pela crise de informação.

As críticas a que o Dr. Ventura Mateus se referia, acabaram por ser publicadas no Jornal do Sporting, em Fevereiro e Março de 1962, em plena ditadura, 14 anos antes do 25 de Abril.

Em 1966, saí de Lisboa e de sócio do Sporting. Em 2013, não me sentindo bem por criticar a vida do Sporting sem pertencer à família, fiz-me novamente sócio e voltei a enviar as minhas ideias para todos os órgãos sociais do Clube e, de início, para o Jornal. Ao contrário do que acontecera em ditadura, nesta “democracia” só o Senhor Prof. Daniel Sampaio e uma jovem colaboradora da Fundação Sporting acusaram a recepção dos meus escritos.

Ainda sobre a liberdade de expressão. Há uns 3 anos, fui entrevistado para a TV do Sporting. Respondendo a uma última pergunta da simpática jornalista que comigo conversou, tive este desabafo triste e sincero “Recordo com amargura os meus primeiros tempos de Sportinguista porque, ao contrário do que em garoto julgava, o Sporting é, na realidade, um clube como os outros.”

Alguém cortou, na gravação, o meu lamento, que só a mim vinculava, talvez em defesa dos sacrossantos lemas leoninos: Esforço, Dedicação, Devoção, Glória... Fiquei chocado e, agora, pergunto não será isto o que todos os sócios de todos os outros clubes desejam ?

Por isto, outra coisa que eu desejaria

·       -  acabar com o fanatismo clubístico que é a bandeira de Bruno de Carvalho e da sua claque.

Se eu acreditasse numa segunda vida e que podemos conversar com quem já nos deixou, havia de perguntar:

Ó, prof. Moniz Pereira, também acha que o burro sou eu?

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