Por decisão da União Europeia de 17 de maio de 2017, o ano de 2018 foi designado “primeiro Ano Europeu do Património Cultural”, fazendo-o coincidir com aniversários de factos importantes para a Europa, em particular o centésimo aniversário do fim da Primeira Guerra Mundial e definindo, naturalmente, objetivos a alcançar com as iniciativas a desenvolver. Sob o lema “Património: onde o passado encontra o futuro”, o conjunto de objetivos é declarado como preocupação de “…oferecer aos cidadãos europeus oportunidades de entender o presente através de uma compreensão comum e mais enriquecedora do passado.”, sugerindo áreas de intervenção que vão muito para além das relativas a questões meramente políticas como a Primeira Guerra Mundial ou a Guerra dos Trinta Anos. Da decisão faz parte o incentivo e apoio aos Estados-Membros para que, com as “autoridades regionais e locais, em cooperação com o sector do património cultural e da sociedade civil em geral, proteger, salvaguardar, reutilizar, valorizar e promover o património cultural…”, tendo-se como certo que, com tais iniciativas, se aumentará o número de cidadãos com curiosidades e interesse na apreciação de patrimónios diversos, disponibilidade para colaborarem na sua preservação e dispostos a promoverem, junto de familiares e amigos, um verdadeiro espírito de valoração do passado que conduziu a um presente em que, necessariamente, construímos um futuro baseado no conhecimento e no respeito colectivo.
Em Portugal, a Direção Geral do Património Cultural (www.patrimoniocultural.gov.pt) tem dirigido convites gerais a autarquias, associações e instituições de algum modo relacionadas com a cultura, no sentido de incentivar à programação de atividades, disponibilizando uma agenda (http://anoeuropeu.patrimoniocultural.gov.pt/index.php/view-activitie/?id=889)em que as iniciativas são divulgadas para, assim, ser possível aos cidadãos um conhecimento de lugares onde se preparam e decorrem atividades sobre temas para que se sintam atraídos. Ali se anuncia o propósito do Centro Ciência Viva de Constância apresentar – no domingo, 20 de maio – o tema “há ciência nas tradições”, um conjunto de elementos patrimoniais que constituirão o que se designou por “musealização do Lago Arquimedes”. A evocação do famoso físico e matemático grego, a que se atribui o grito de satisfação “Eureka” (descobri), ao ter percebido a explicação para a impulsão sentida durante o banho, será o elemento historicamente mais antigo (embora não seja certo que a picota não tenha sido utilizada na China ainda antes do século III a.C.) que, a partir de 20 de maio, os visitantes vão poder contemplar e utilizar.
Picotas, noras, bombas elevatórias de água, um “parafuso de Arquimedes” (o “sem-fim” bem nosso conhecido nos lagares de azeite) e um “contentor de memórias” (um pequeno espaço adaptado a “museu” onde alguns vídeos com pessoas a contar pormenores da vida de há quase cem anos), misturar-se-ão com pequenos utensílios doados (ou emprestados) por antigos(as) trabalhadores(as) do campo (ou seus descendentes), a evocar vivências de outros tempos e os seus contributos para o conforto que hoje vivemos, obrigando-nos à repetição do exemplo para que nos constituamos como obreiros de um futuro melhor.
No final desta “inauguração” (ver Programa) haverá um momento de notável relevância patrimonial, no domínio da etnografia, proporcionado pelo Rancho Folclórico “Os Camponeses de Malpique”, seguido de lanche – já património da nossa região – em que toda a assistência poderá participar gratuitamente.
