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01 MAI 2018
Avanço ou recuo?
Por Jornal Abarca

Terminada que está a primeira fase do Campeonato de Portugal, o mesmo quererá dizer a competição correspondente ao terceiro escalão do futebol português, a sorte ou falta dela no que diz respeito às equipas que viram consumada a despromoção aos campeonatos distritais já está traçada. Trago à liça esta questão, pois continuo a duvidar que o modelo competitivo recentemente implantado para esta prova no âmbito da Federação Portuguesa de Futebol, seja o que melhor sirva os interesses dos clubes, em particular, e do futebol nacional, no geral.

O quadro competitivo da presente época assentava em cinco séries compostas por 16 equipas cada uma, sendo que os seis últimos classificados de cada série seriam relegados para os campeonatos distritais. Quanto às equipas que irão disputar as duas vagas de acesso à Ledman LigaPro, vulgo 2.ª Liga, já lá vamos. Voltando aos despromovidos, foram 30 as equipas em que a fortuna não lhes bateu à porta. E nessas contam-se alguns clubes históricos do nosso futebol. Salgueiros, Freamunde, equipa que ainda na época passada esteve no segundo escalão do futebol português, são apenas dois exemplos. Para não falar nas despromoções dos “nossos” Alcanenense e Coruchense, com as naturais implicações no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Santarém e que vão obrigar à despromoção à 2.ª Divisão Distrital de um maior número de equipas, para além das que estavam previstas regulamentarmente, situação sempre constrangedora e que acaba por emanar algum sentimento de injustiça, para não dizer revolta. Mas são as regras que temos e é com elas que temos de conviver.

Posto isto, a questão que levanto é se será de todo justo que num quadro composto por 80 equipas que disputaram o Campeonato de Portugal, cerca de 40% das mesmas acabem por ser “desterradas”, isto sem qualquer conotação pejorativa, para os campeonatos distritais. Será que o investimento a que os clubes estão sujeitos ao participar no Campeonato de Portugal, não deveria ter outra consideração por parte de quem superintendente o futebol em Portugal? Penso que sim, ou melhor, tenho a certeza que sim. E só quem nunca assumiu as funções de dirigente de um clube que esteve neste patamar pode contrariar esta minha tese. São necessários muitos milhares de euros. E aqui nem falo nas gratificações aos técnicos e jogadores, mas sim as despesas com transportes, algumas deles a implicarem viagens às ilhas, alimentação, taxas de jogo, entre outras, muitas outras. Milhares de euros. Muitos milhares. Para quê, se depois fruto de uma bola que bate no ferro ou um golo mal consentido colocam todo esse esforço em causa. Foi esse o destino de 30 clubes. Ponto final. E como se costuma dizer, voltem para o ano que fazem falta aos campeonatos nacionais. Alguns. Outros, já nem tanto.

Já no que diz respeito às equipas que vão lutar pelos dois lugares que darão acesso ao futebol profissional, no total de oito, também aqui o sistema não me parece o mais adequado. Irão disputar-se duas eliminatórias, que apurarão os dois finalistas, ou seja, aqueles que ascenderão ao segundo escalão do futebol português (Ledman LigaPro). Isto quererá dizer que existirá a possibilidade de dois dos três melhores segundos classificados que se apuraram para esta fase, conseguirem o desiderato de subir de divisão, em prejuízo de equipas que evidenciaram uma regularidade naquele que foi um verdadeiro campeonato e que assim, no cômputo de dois jogos podem ver o infortúnio abater-se sobre as mesmas. Premeia-se a ocasionalidade em detrimento da regularidade.

Em suma, creio estarmos perante um retrocesso naquilo que deveria ser o desenvolvimento e sustentabilidade do futebol nacional, com os naturais danos, desportivos mas sobretudo financeiros para os clubes.

Nota: Ao conquistar o título distrital, a Associação Desportiva de Mação, conjuntamente com o Centro Desportivo de Fátima, serão os dignos representantes da Associação de Futebol de Santarém no Campeonato de Portugal da próxima época. Aos seus dirigentes, técnicos, jogadores e demais staff, aos seus entusiásticos adeptos, sem esquecer o apoio inestimável da Câmara Municipal de Mação, os meus sinceros parabéns. Só quem nunca foi campeão, não compreenderá o sentimento de imensa alegria que invade as hostes maçaenses. E como merecido foi! 

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