Na medicina pródomo é o sinal que pode indicar o início de uma doença antes que surjam os primeiros sintomas específicos.
No nosso latim significa o que anuncia um acontecimento, ou seja, um acto percursor.
Ao escutar a notícia sobre a separação das crianças mexicanas de seus pais e depositadas/enjauladas nos armazéns sulistas no Texas revivi, mais uma vez , a revolta de pertencer a uma Europa – que já nem acena a bandeira - “fomos o berço da civilização” - já sem grande relevância no sistema internacional actual e que Trump é um presidente legitimamente eleito.
Ainda que os nossos estômagos tenham sofrido murros com a decisão do seu acto bárbaro e eu, particularmente, não tenha conseguido ver certas imagens até ao fim, sobretudo porque à minha volta só vejo príncipes e princesas, já quase não há filhos, a Europa esgotou o léxico para o classificar e nunca vai ter que traçar estratégias ou acordar cedências com o homem que manda na maior potência mundial.
A América de hoje é, efectivamente, a América da “Tolerância Zero”. A América que coloca crianças durante três dias no chão, em armazéns (?) sem jogos, livros, espaço para correr e ninguém para os orientar, enquanto os seus pais aguardam em prisões estatais serem levados à presença do Juiz, em sessões colectivas e cerca de mil por semana. É-lhes prometida, por vezes, a reunificação familiar. Mas fica por aí mesmo. Promessa.
Trump, posteriormente, ao assinar a ordem executiva para impedir a separação, adiou o problema legal que tem em mãos para resolver. Brevemente, sem pejo encontrará a solução. À sua maneira. Má!
Como acima afirmei, ele foi legitimamente eleito. Porquê? Entre razões circunscritas à realidade americana, fez o discurso populista que outros vêm usando como trampolim e resposta para os problemas do mundo e já lá estão, nomeadamente, Áustria, Hungria e Itália. E acresce que, para mal da todos nós, comanda-nos.
Com esta conversa não estou a dizer que nos entreguemos à resignação. Pelo contrário. A indignação acompanha-me quase diariamente. No meu local de trabalho, na minha cidade, no meu país, nesta globalidade à qual pertenço. “Tenho que lutar, tenho que gritar, ai de mim se o não fizer”, faz parte da letra de um cântico que aprendi com cerca de 12 anos. É uma bengala que uso até hoje .
Desde a sua tomada de posse que a conjugação da desorientação e ignorância neste homem, já o levaram à prática de actos que o assemelham a uma espécie de pródomo de qualquer coisa na humanidade.