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01 SET 2018
Abrantes... e o resto é paisagem!
Por Jornal Abarca

Ao longo da minha ainda breve passagem pela vida pública, quer no associativismo quer na política local, tenho passado por um período de reflexão quanto à regionalização, os seus prós e contras. Hoje, acredito mais nela do que nesta pseudo descentralização municipalista, e isto não quer dizer que seja contra o municipalismo, mas, e isso sim, contra uma certa forma de fazer política que mete em cheque a construção de um futuro que diz respeito a todos nós. Compreendi, e continuo a compreender, o Ribatejo como uma região una, coesa, sem divisões, que só assim consegue prosperar e alcançar os objetivos que todos nós desejamos. Daí ser totalmente desfavorável à sua divisão em duas peias institucionais, as comunidades intermunicipais, neste caso Médio Tejo (CIMT) e Lezíria do Tejo (CILT), que nada de democráticas têm e que servem tão-só para multiplicar os alojamentos de cargos ou favores políticos.

Ora, isto vem a propósito das notícias sobre a reunião da presidente da CIMT, acompanhada na mesma pelos presidentes das câmaras de Vila Nova da Barquinha e Constância, com o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas Pedro Marques, em Lisboa, no passado dia 31 de Julho, sobre investimentos prioritários para a “região” (que nada tem de região). Até dia 15 de setembro o dossier tem de estar pronto e nas mãos do Ministro, a que vai ser precedido de uma reunião extraordinária da CIMT no dia 13 do mesmo mês. Fala-se de uma nova travessia do Tejo ou na requalificação das já existentes.

Até aqui tudo bem. Como refere – e bem – a notícia do portal mediotejo.net, de 10 de agosto presente, “o dinheiro não vai chegar para tudo” e quando o dinheiro não chega tem de se priorizar – mas priorizar não significa olhar para o próprio umbigo. Quando, na mesma peça, a presidente da CIMT, também presidente da Câmara de Abrantes, não se percebendo muito bem onde acaba uma posição e começa outra, refere que “a presidente da Câmara de Abrantes vai discutir com os seus pares aquilo que for melhor para Abrantes, para a região e para as suas empresas”, todos nós ficamos a perceber o que se vai passar. É um facto que Abrantes tem hegemonizado e favorecido politicamente ao longo destes anos em relação a outros municípios da CIMT, a reboque dos municípios mais pequenos à sua volta, qual gíria popular “se não os podes vencer junta-te a eles”. Não se trata de algo contra Abrantes ou contra suas gentes. Somente a reivindicação pela igualdade entre os municípios. É um facto, repito. E a culpa disto acontecer imputa-se também ao eixo de municípios Entroncamento, Torres Novas e Alcanena, que se demitiram das suas funções enquanto defensores de uma região, oferecendo o flanco à zona Norte. Percebemos muito bem o que se vai passar quando, de forma calculista, atendendo ao futuro argumento da produção dos camiões elétricos no Tramagal, verificamos que todas as soluções alvitradas se localizam maioritariamente na zona de Abrantes.

Por que razão a reunião do dia 13 vai ser em Abrantes quando a sede da CIMT é em Tomar? Será que todas as câmaras municipais já se pronunciaram em sede de órgão sobre este assunto? Na de Alcanena, onde exerço funções de vereador em não permanência, ainda nada foi visto ou achado, no entanto, pela minha parte, o assunto não passará em claro. A minha opinião é concreta: a conclusão da ligação do IC3 (agora A13) entre Almeirim e Atalaia (Barquinha) é a prioridade neste conjunto de investimentos. Está previsto desde 1985 no Plano Rodoviário Nacional e resolverá dois problemas essenciais: o desvio do trânsito pesado dos centros de Almeirim, Alpiarça e Chamusca e a construção de uma nova travessia no Tejo que colmatará a inqualificável vergonha da ponte da Chamusca.

Não ouvi nem li ainda o que o presidente da CILT pensa sobre este assunto, mas certamente estará de acordo, tal como eu e muitos outros, na estima e boa impressão que deixou na sessão sobre a regionalização e o Ribatejo ocorrida em Alcanena em Junho passado, que este é um assunto que deverá ser tratado e planeado no quadro de um Ribatejo integrado e uno e não num Ribatejo gerido por quintas e quintais. Este é mais um exemplo de que importa discutir novamente a regionalização e pôr em causa toda esta forma de território que nos querem impingir. A ver vamos, como dizia o cego.

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