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01 SET 2018
Quando as cortinas se fecham
Por Jornal Abarca

Como este mês é o mês dos emigrantes, a crónica foi inspirada desta vez por um familiar, amigo que é também emigrante há muitos anos na Suíça. As pessoas em Portugal gostam de pensar nos emigrantes como forma inesperada de receber um familiar, amigo, uma pessoa querida ou até como de uma outra forma: receber uma forma inesperada de rendimento. Quando o mês de Agosto chega, é bom de pensar que o tal mês chegou e que afinal metade da família ou grande parte da família vive agora em outro lugar. Os emigrantes trazem a alegria, as remessas de capital para o  país, trazem por vezes a moda, a música, interferem com a forma como pensamos e vivemos, existe também aquele grupo de pessoas ressabiadasque gostam de fazer piadas sobre os emigrantes e de como afinal não sabem falar correctamente ou de como misturam a língua materna, como se esta fosse uma condição trágico-cómica. Penso que os nativos que não misturam a língua mas que ainda assim cometem erros de gramática gravíssimos são muito piores e que usam anglicanismos para parecer modernos sem entenderem muito bem do que estão a falar tem aquele timbre trágico-cómico muito mais acentuado. O que é sabido é que estas e outras coniderações começam e terminam em apenas um mês.

Enquanto este meu familiar emigrante falava numa destas noites quentes de Verão mencionou o facto de como é importante mostrar e parecer que se está sempre bem. «Está tudo bem Júlio?» Enquanto fez uma expressão e respondeu que a vida e as coisas podiam estar melhor, o amigo levantou-se da esplanada para saír. Júlio mudou o discurso, mudou o sorriso: “Sim meu amigo está tudo bem, porque se digo que não, vais para casa, ninguém quer ouvir o outro queixar-se ou ouvir problemas.”

Existe de facto qualquer coisa de muito errado com esta ideia que nós pessoas comuns, emigrantes, imigrantes ou simples migrantes tenhamos de manter aquela postura do viajante aventureiro onde a coragem e a ferocidade alberga todos, como se de alguma forma Fredy Mercury estivesse a assitir no fundo da sua mortalidade artística «Show must go on» e de como todos pensamos que afinal os emigrantes são de facto apenas esses gajos ou gajas que chegam cheios de dinheiro nos bolsos, aparecem de carros descapotáveis e sorrisos nos lábios mortos por nos ver, nos receber e nos visitar, mas que seja importante e pertinente que o espetáculo continue, porque ninguém quer saber quando as cortinas se fecham.

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