Se um país sem memória não existe como tal, é preciso que os seus governantes saibam e queiram preservar os valores da sua “cultura tradicional” (do seu folclore) que a par da Língua são os pilares da Identidade que nos caracteriza. E se por cá assim não acontece, foi porque ignoraram os “recados” que nos deixaram alguns credenciados especialistas, como Jorge Dias e Michel Giacometi, e publicações, como Etnografia Portuguesa 1933, porque (e citamos apenas o primeiro) ”temos obrigação de salvar tudo aquilo que ainda é susceptível de ser salvo para que os nossos netos, embora vivendo num Portugal diferente do nosso, se conservem tão Portugueses como nós e capazes de manter as suas raízes culturais mergulhadas na herança social que o passado nos legou”. Mas também a UNESCO em 1989 viria a adoptar a “Recomendação para a Salvaguarda da Cultura Tradicional e do Folclore”.

Todos estes recados e recomendações se perderam no entanto a caminho dos centros de decisão e a Cultura da Tradição não chegou ainda aos bancos da Escola. Pelo contrário, o termo “folclore” começou a ser abastardado e a ser considerado como coisa de segunda - não interessa, isso não passa de folclore - não obstante a Sociedade de Língua Portuguesa considerar que isso só é admissível a analfabetos ou pessoas de pouca cultura.

Entretanto e como reflexo de toda esta situação, assistimos na televisão e nalguma comunicação regional, a “sinais” que em nada abonam o nosso mundo da cultura. É o director de orquestra que não sabe que um grupo de “cante” não interpreta Lopes Graça; é um considerado cronista regional e professor de formação, que desconhece que em folclore é proibido inventar, não se podendo por isso alterar as coreografias e os trajes; para terminar (por hoje) com uma senhora professora a afirmar a pés juntos que o folclore daqui a cem anos será a expressão das nossas vivências de hoje.

Entretanto, em Abril de 2006 de novo a UNESCO põe em vigor a “Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial”. E aqui começa um grande imbróglio no qual não tocaremos para já.

Mas afinal o que é Folclore? E o que deve ser um grupo de Folclore? E o que é Património Cultural Imaterial?

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