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04 FEV 2010
GOVERNO SUSPENDE CONSTRUÇÃO DO TROÇO DO IC9 E PONTE DE TRAMAGAL
Por MÁRIO RUI FONSECA

 

A presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), afirma “lamentar” a suspensão do lançamento do troço do Itinerário Complementar 9 (IC9) de ligação a Ponte de Sor, sublinhando tratar-se de um “investimento estrutural para o desenvolvimento das localidades”.

 

A autarca disse ao jornal Abarca que “ainda” está a “tentar perceber o que significa em concreto” o anúncio da suspensão do lançamento de novas concessões rodoviárias que estavam previstas no Orçamento do Estado para 2010, entre elas o IC9 e a construção de uma nova travessia no rio Tejo, na zona de Tramagal, uma decisão que a presidente de Câmara afirma vir “contra as expetativas e compromissos assumidos com os cidadãos”.

“Dado o avanço em que já se encontrava o processo e sendo esta uma antiga necessidade e aspiração dos abrantinos” - com estudo de impacte ambiental concluído e previsão de lançamento de concurso para o primeiro semestre do ano – a presidente de Câmara espera ainda “conseguir sensibilizar o Governo para a importância da concretização” deste troço.

“Quero saber junto do Governo o que significa o termo adiar, se é sem fim à vista ou se adia, mas com o compromisso de a realizar num futuro próximo”, disse Céu Albuquerque, acrescentando que a decisão “preocupa porque pode condicionar os projetos de crescimento da Mitsubishi”, empresa que emprega mais de 400 trabalhadores.

No final de 2008, foi o próprio Primeiro Ministro José Sócrates quem anunciou a construção de uma nova travessia sobre o Tejo, naquela que seria uma das contrapartidas dadas pelo Governo à Mitsubishi Fuso Trucks Europe (MFTE) na sequência do investimento anunciado de 20 milhões de euros na fábrica de Tramagal, uma velha aspiração da administração da unidade detida maioritariamente pelo Grupo Daimler, e que há muito reclamava por melhores acessibilidades para a exportação dos seus produtos, 90 por cento da quais se destinam à exportação.

“O investimento público deve seguir o investimento privado e, nesse sentido, o Governo vai investir na melhoria das condições logísticas e de acessibilidades na região”, anunciou na ocasião José Sócrates.

Segundo afirmou a presidente de Câmara, “a ligação da Mitsubishi à auto estrada A23 através da construção deste troço do IC9 continua a ser essencial para a competitividade da fábrica, mas também para todo o tecido industrial de Abrantes e da região”.

O presidente da Mitsubishi, Jorge Rosa, não quis comentar as notícias vinda a público, sobre a suspensão do IC9, nem até que ponto esta decisão governamental pode inviabilizar o investimento anunciado em 2008 (20 milhões de euros e a duplicação dos pontos de trabalho: “Não tenho qualquer informação formal, não vou comentar as notícias publicados jornais”.

Em 2008, Jorge Rosa respondendo ao jornal Abarca sobre a importância da construção da ponte para o crescimento da empresa afirmou: “É muito importante ligar a nossa fábrica às grandes vias. Parece-me óbvio, é tão difícil chegar a Tramagal que a resposta constrói-se a si própria, sobretudo quando estamos a falar em transportar equipamentos muito pesados como é o nosso caso. Dissemos várias vezes ao Governo que este era um problema complicado. Portugal é periférico, Tramagal é interior, quase que se tem que vir de canoa. Portanto se alguém olhar de forma fria e objectiva para estas questões, se calhar não seria o melhor sítio para pensar uma empresa para 2020, portanto nós achamos que era muito importante que o Governo desse sinais claros que está interessado em manter esta unidade”.

O IC9, que está inscrito no Plano Rodoviário Nacional (PNR) desde 2000, desenvolve-se entre a Nazaré e Ponte de Sor, passando por Alcobaça, Batalha, Fátima, Ourém, Tomar e Abrantes e terminando na ligação com o futuro IC13, nas proximidades de Ponte de Sor.

O Governo confirmou esta terça-feira a suspensão do lançamento das quatro novas concessões rodoviárias que estavam previstas no Orçamento do Estado, - Serra da Estrela, Vouga, Tejo Internacional e Ribatejo - cujo processo de preparação do lançamento dos concursos deveria acontecer durante o primeiro semestre deste ano.

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, foi categórico numa entrevista à RTP-1: “Não há mais estradas”. Mas António Mendonça, responsável pelas Obras Públicas, embora tenha anunciado a suspensão do IC-9 e do IC-3 (ver peça ao lado) foi menos peremptório: “O que está decidido e está adjudicado e em fase final de concurso vai para a frente. O que se impõe agora é uma reavaliação de todo o processo ligado à execução do plano rodoviário nacional. Em Fevereiro vai ser apresentado o plano estratégico dos transportes e as propostas que lá estão incluídas determinam que seja feita uma reavaliação de tudo o que estava programado”. Por essa altura, o Orçamento de Estado já deverá estar aprovado na generalidade.
 

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