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01 JUN 2017
Maio, Fátima e o Papa
Por Jornal Abarca

Tenho amigos agnósticos e ateus, graças a Deus. Faz -me bem a mim e a eles. Quando conversamos e muitas vezes não ultrapassamos as diferenças que nos unem, Fátima é um tema que mantém, invariavelmente, desacertos entre nós.

Na qualidade de crente foi há cerca de trinta anos que escutei pela primeira vez que Fátima não era dogma de fé. Ou seja, como católica, podia acreditar ou não nas aparições. Este esclarecimento foi-me prestado num dos muitos encontros/estudos bíblicos organizado pela Ordem dos Frades Franciscanos Capuchinhos que frequentei (tive oportunidade nessaépoca de conhecer e já aqui o transmiti, Frei Fernando Ventura, actualmente tão mediático) e que considero os melhores biblistas.

Como para mim esta questão deixou de ser “questão” há cerca de 30 anos, espantei-me com o espanto das “descobertas” de determinados jornalistas nas coberturas que fizeram durante a visita do Papa Francisco a Fátima. Colocavam questões que demonstravam notoriamente perguntas desactualizadas no conteúdo e no tempo. Ou numa só palavra, ignorância. Honrosas excepções, como sempre. Numa época que temos jornalistas com formação qualificadíssima, como é possível que vão para o terreno sem “estudarem a lição”?. Mas não é só neste tema e a situação é recorrente.

Os meus amigos “descrentes” não gostam da Igreja enquanto instituição. Concordo com eles em muitas críticas e rejeito também comportamentos que aquela em nome de Cristo ousou tomar.

Estes meus amigos não acreditam, não gostam muito dos padres mas lá vão “casando pela igreja, baptizando os filhos e ainda direito a primeira comunhão”. Este três momentos que eu resolvi apelidar “fé social” são aqueles que mais irritação me causam nas nossas discussões saudáveis. Admito que sou intolerante ao agir sem convicção por uma questão meramente social. Então, não critiquem. Haja coerência entre opinião e comportamento.

Isto tudo para vos dizer que estes meus amigos – e tenho a certeza que todos têm amigos iguais a estes, gostam do Papa Francisco. Penso que nunca encontrei ninguém que não gostasse deste Papa.

Foi um destes meus amigos que me disse “Pela primeira vez, este Papa, o teu Papa, desiludiu-me ao dar cobertura a Fátima”. Lá fui argumentando que Fátima tem um carácter que ultrapassa o mundo dos crentes, dos católicos e que no fundo é um fenómeno que ultrapassa a dimensão religiosa. Que Fátima tem também uma religiosidade popular, acrítica e sem reflexão. Referi-lhe a chamada de a atenção para uma das primeiras frases que pronunciou assim que chegou a Fátima ao dizer que Maria, Mãe de Jesus, era muito mais que uma “santinha” a quem se pedia favores.

A Igreja, leia-se, Instituição, foi ao longo do tempo muito “disangelho”, na expressão de Nietzsche. Penso que a Igreja deste Papa é, novamente, Evangelho.

O Papa Francisco não tem só um estilo. Tem também uma prática. O estilo dele é o de Jesus. Por isso, gostamos dele.

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