É verdade! Mais de vinte anos a escrevinhar, aqui no abarca.

Acordei hoje a pensar no abarca, porque faz anos, e fiquei a ruminar nas razões que me têm levado a este trabalho gostoso mas pouco lucrativo, para não dizer perigoso. Dramatizando um bocadinho, tenho que recordar os muitos jornalistas que são mortos todos os anos por esse mundo fora. Eu próprio, na altura do PREC, fui ameaçado de despedimento por justa causa o que, com sete filhos por criar não me dava muito jeito...

Ainda meio a dormir, meio acordado, fui recordando os ecos da Guerra que me fizeram anti-nazi e anti-fascista, a Mocidade Portuguesa que me tornou anti-militarista, os jogos do Sporting que me tornaram crítico do actual futebol-negócio, as doenças do meu pai e da minha mãe que cedo me fizeram desconfiar da eficácia da medicina oficial... Enfim, um punhado de circunstâncias da minha infância que me tornaram “espírito de contradição”, embora procurando sempre apontar para inovações ou alternativas.

Mais tarde, ter sido controlador de tráfego aéreo criou em mim a exigência da segurança nos serviços públicos e ter aprendido noções de normalização e qualidade, já em Tramagal, terão despertado em mim a simpatia pela ecologia, pelas boas práticas nas empresas e por tudo o que possa contribuir para o que se entende por qualidade de vida.

Resumindo, que esta introdução já vai longa, como li há muitos anos, acredito que somos o que conseguirmos fazer dos nossos genes e das circunstâncias em que vivemos.

Talvez por vaidade, não descarto a minha responsabilidade de deixar a minha “pégada ecológica” com a maior qualidade possível... o que, na prática, aqui se resume a esta ameaça: vão ter que me aturar no abarcaaté eu poder escrever ou ser despedido...!

Há no entanto um pequeno pormenor. O facto de abarcasó sair mensalmente e eu estar perto dos 90, obrigam-me a procurar outros meios para espalhar aquilo que julgo útil para os meus leitores. Assim vou activar o meu blog “BBC de Tramagal”, onde colocarei alguns dos artigos aqui escritos ao longo dos anos. Também poderão eventualmente encontrar-me no frentecívica.blogspot.pt uma vez que, como já aqui referi, sou sócio fundador do movimento encabeçado por Paulo de Morais depois da sua candidatura à Presidência da República. E merece a pena aceder ao “blog” da FC!

Pode parecer estranho, mas nunca me senti vocacionado para a vida política. Antes do 25 de Abril, limitei-me a comprar livros escritos por opositores ao Estado Novo, (tenho algumas relíquias...), e a distribuir alguns panfletos do Gen. Humberto Delgado, na sua campanha de 1958, ano em que casei. Mesmo depois da Revolução de 74, foi preciso o meu amigo Santos (da Somapre) insistir comigo para aderir ao PSD onde militei, sem relevância de maior, durante uns três anos.

Procurarei, por isso e acima de tudo, informar os meus leitores (e as minhas leitoras claro...) daquilo que julgue ser para eles útil para alcançarem uma merecida Qualidade de Vida, nomeadamente na área da saúde e no desenvolvimento da minha região adoptiva.