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01 ABR 2017
A importância dos aniversários
Por Jornal Abarca

Festejar anos transformou-se numa banalidade espumosa dado o embaratecimento da bebida, evocar anos de ingente e espinhosa acção é bem diferente, no primeiro caso prevalece a contagem automática do acumular de aniversários expressos na troca de beijinhos, abraços, palmadinhas nas costas e prendas, no segundo exemplo é difícil enumerar a tomada de decisões dolorosas, o quase quotidiano do exercício de sacrifícios, quanto mais adivinhar a real/realidade de abarcaprosseguir em mar alteroso numa permanente tempestade eriçada de dificuldades.

Normalmente há sempre e por toda a parte pessoas dadas à adivinhação, até podem acertar de vez em quando, por bambúrrio, no entanto, só quem passa penas e paga dívidas, consegue levar de vencida os escolhos à custa de si própria, pagando em angústias, lágrimas e suor o desafio de ousar. É o caso de Margarida Trincão.

O jornal abarcaestá a comemorar o vigésimo sétimo ano de ponto de encontro de notícias e opiniões (díspares como convém), irradiando-as num sentido de informar as Comunidades e ajudar a formar todos quantos a isso estejam predispostos.

O jornal é agora mensário e a mudança obrigou ou levou à sua transformação num órgão de comunicação social cujo cariz é agora de maior densidade reflexiva aumentando a responsabilidade dos seus colaboradores. Os temas fugazes perderam acuidade, os de índole estruturante seja a nível material, seja de teor imaterial e espiritual ganharam espaço e acredito que a larga maioria dos leitores aceita e aplaude a forçada mudança. Os males nunca vêm por bem, o provérbio clama “para grandes males, grandes remédios”, e a Directora tene de passar à condição de facultativa, enfermeira, até, talvez, curandeira, a todo o tempo, em todas as estações.

Na verdade, a relutância à leitura de palavras completas, de frases construídas adequadamente, de textos a obrigarem a pensar e a reflectir reduzem o número de interessados em jornais sisudos, que não aborrecidos ou escalavrados. Só que, o efémero triunfa em todas as Comunidades, eis a causa principal do retraimento publicitário na imprensa escrita, especialmente em papel.

Ao cumprir vinte e sete anos de vida o jornal encerra no seu bojo notícias, crónicas, comentários, reportagens, obituários, além de episódios sérios e galhofeiros, os quais colocam ao nosso alcance ângulos e perspectivas das sociedades nas suas sociabilidades e antagonismos dignos de serem lidos atentamente, analisados e comentados nas Escolas no quadro das aculturações da cultura, da ciência e da técnica. E a Escola derramada em Escolas de múltiplas tipologias faz isso?

 

Não tenho dados a possibilitarem comentário. No entanto, se assim acontece muito bem, se pura e simplesmente esquece os conteúdos do jornal, muito mal. Muitíssimo mal.

Na esfera de influência do aniversariante vive e trabalha consistente massa crítica representada em milhares de pessoas, não devo fazer juízos de nenhum teor, menos ainda de valor, mas interrogo-me sobre qual será a sua disposição em fornecer-lhe a seiva imprescindível a sobreviver em condições de manter a coerência no conspecto editorial e a independência ante tentativas de forçar a quietude a recebendo em troca sumos de conforto.

A massa crítica social não pode lamentar a falta ou desaparecimento de órgãos de expressão do pensamento por um lado, e ao mesmo tempo fingir não perceber as suas responsabilidades na finitude dos mesmos quando saem fora do círculo do elogio e beija-mão abrasivo de vontades de imitar o menino ingénuo ao gritar – o rei vai nu – provocando o riso geral e a vergonha do coroado.

A massa crítica não se confundindo com a massa de tomate aliada à alimentícia, não pode fingir ignorância, nem fugir à responsabilidade no concernente à existência de jornais cujas características abarcaincorpora. Ou pode? Poder pode e inúmeros maus exemplos o comprovam. E, depois imita os crocodilos hipócritas batendo as pálpebras como se rolassem lágrimas.

Não serão estas as palavras mais apropriadas de enaltecimento do fazer anos de abarca, muito me apraz salientar a data desta forma na esperança de pelo menos um leitor se obrigue a meditar (estamos em tempo quaresmal) no interesse ou não de continuarmos a comemorar o aniversário do enlevo de Margarida Trincão. É pedir Muito?

Feliz e continuado aniversário até ao próximo são os meus desejos.

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