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01 JUN 2017
Uma galáxia muito estranha
Por Jornal Abarca

Os astrónomos e astrofísicos possuem argumentos que lhes permitem afirmar que o Universo é constituído por cerca de cento e quarenta mil milhões de galáxias, contando com as que se vêem e as que não se vêem mas se detetam pelas influências que produzem nas que são visíveis. E designam por Universo todo o espaço e as “coisas” – as galáxias – que o ocupam. Como há indícios de que as galáxias se afastam umas das outras, é natural a convicção de que “o Universo está em expansão”.

Mas – perguntar-se-á – se as galáxias se afastam umas das outras, não se afastarão também, entre si, os milhares de milhão de estrelas que constituem cada uma delas, ou seja, as galáxias não vão aumentando de tamanho? E a resposta é... NÃO, pois a gravidade que “prende” as estrelas de cada galáxia supera o efeito da expansão universal e, assim, o que aumenta é o espaço entre as galáxias.

É também geral a ideia de que as galáxias possuem movimento de rotação sobre si próprias e que a separação entre as estrelas é tanto maior quanto maior for a velocidade de rotação. Em alguns casos, os milhões e milhões de estrelas ficam com forma que se poderá comparar a um melão e chamamos-lhes elípticase, se a velocidade é muito maior, as estrelas distribuem-se em braços espirais, à semelhança dos aspersores que, rodando a uma certa velocidade, espalham água sobre os relvados. Nesses casos as galáxias são designadas espirais, embora umas sejam mais pronunciadas do que outras.

No movimento das galáxias pelo espaço, assume-se como natural que o efeito da gravidade mútua altere, ainda que muito ligeiramente, as respectivas trajectórias e que isso tenha como consequência – mais cedo ou mais tarde - a colisãode algumas delas. Não significa isso que tais circunstâncias originem grande probabilidade de choques de estrelas mas tem-se como certo que a distribuição das estrelas nas galáxias que chocaram se vai alterar, resultando numa espécie de “desarrumação” e que, durante alguns milhões de anos – elas permaneçam com o aspeto do que designamos por galáxias irregulares.

Todas as estrelas que vemos no céu pertencem à “nossa galáxia” – a que também é dado o nome de “galáxia da Via Láctea” – e o nosso Sol é uma das mais de cento e vinte mil milhões de estrelas que, estamos certos, se distribuem em braços espirais. É verdade que, por estarmos dentro dela, não a podemos fotografar mas, à custa de contar o número de estrelas que se observam direcções diversas e medindo a distância a que se encontram, é possível estabelecer um desenho em tudo semelhante a uma galáxia espiral e que não revela sinais de “colisões” nos últimos milhões de anos. Poderá dizer-se que, na realidade, a nossa galáxia é muito parecida com a da imagem que aqui se reproduz, retirando-lhe a pequena excrescência do lado direito. Esta - por muito estranha que pareça - é facilmente visível (se se observar através de um bom telescópio, em noites de céu muito límpido) na direção da cauda da Ursa Maior, constelação que, nesta época, está à vista durante toda a noite. A parte do céu em que se avista pertence à constelação dos Cães de Caça, razão por que ela é muitas vezes referida por “galáxia dos cães de caça” ou M51 (designação num catálogo muito utilizado por astrónomos amadores). A excrescência não é mais do que um considerável número de estrelas que, tendo ficado mais ou menos “à deriva”, depois de uma “colisão” (há muitos milhões de anos!) entre a M51 e uma outra que lhe terá passado “perto”, estão agora cada vez mais “presas” à gravidade global. Pensa-se mesmo que, dentro de alguns milhões de anos, estas estrelas estarão completamente englobadas no braço espiral exterior da M51, significando isso que, então, um telescópio apontado para a constelação dos Cães de Caça, veria uma galáxia espiral e não aquela – muito estranha – que podemos contemplar actualmente.

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