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01 JUN 2017
Nada tem sido em vão
Por Jornal Abarca

Concentra-te, agora.

Não tens mais tempo a perder.

As dores percorrem os ossos do teu corpo e teimam em fazer do teu sonho uma utopia e da tua realidade um quotidiano quase insuportável.

Desculpa, mais uma vez, mãe.

Eram tantos os planos que tinhas para mim. E eu até tinha uns quantos, para mim também. Alguns concretizei, mas não prolonguei no tempo nem na memória dos outros. Há tantas memórias curtas por aí...

Mas sempre me explicaste que eu não posso controlar o que os outros pensam, dizem ou fazem.

Há uma certa dor de cotovelo em relação à arte e à diferença. Dá trabalho ter ideias e concretizá-las: Continua a ser tão mais fácil dizer mal e interromper o esforço e a dedicação do outro, mesmo que o resultado final seja em prol da maioria...

Tento manter as costas direitas e calar as dores dos pés, enquanto caminho contra a corrente. Pode parecer teimosia, mãe, mas é a coragem que herdei de ti.

Se não conseguir publicar um livro, o sobreiro já dá uma sombra razoável para o meu filho desfrutar da mais simples e rara das coisas, o encontro consigo mesmo e com as suas raízes.

Apesar de tudo, nada tem sido em vão, nem mesmo o sofrimento.

Se os ossos condicionam a minha agilidade física, as dores que provocam no meu corpo ajudam a espicaçar tudo o que ainda tenho para viver e demonstrar. Não que queira provar nada, mas ainda gostaria de acordar algumas consciências...

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