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01 JUL 2017
Dia do asteróide
Por Jornal Abarca

Surgiu, há já alguns anos, a ideia de dedicar o último dia de junho a um conjunto de iniciativas que permitissem reflectir sobre os asteróides, a sua origem e constituição, trajectórias e, naturalmente, eventuais perigos de colidirem com a Terra. De tais iniciativas fazem parte palestras, exposições, sugestões de livros relacionados com o tema e, obviamente, filmes de ficção, mais ou menos assustadores, pois (quase) todos abordam o assunto de modo a considerarem elevada a hipótese de um choque com a Terra e consequências terríveis provocadas por destruições fantásticas.

Nos meios científicos – em particular os que dedicam alguma atenção à divulgação de ciência – estabeleceu-se, nos últimos anos, a preocupação de intervir no “dia do asteróide” com atividades que, para além de darem a conhecer as ideias atuais acerca de tais “vagabundos celestes”, apresentando estimativas de números de asteróides existentes há mais de mil milhões de anos e a razão por que foram caindo para os corpos mais massivos do sistema solar (Sol, Júpiter e Saturno) e – embora em quantidade mais reduzida – para outros mais pequenos, como a Terra, a Lua e mesmo o pequeno Mercúrio. Desse modo, mesmo os participantes pouco familiarizados com linguagem científica (quase sempre “suavizada” nestas ocasiões) vão percebendo facilmente que, se os asteróides vão caindo, cada vez haverá menos e, naturalmente, será cada vez menor a probabilidade de algum nos cair em cima. Para além disso, também se torna fácil aceitar que, se é a gravidade dos planetas (e do Sol) que faz cair os asteróides, os primeiros a serem “sugados” foram os maiores (pois a atração gravítica é tanto mais forte quanto maior a massa dos intervenientes), restando agora os de menor massa, o que poderá transmitir alguma tranquilidade quanto ao poder devastador de uma colisão.

Existe a convicção de que um grande asteróide terá chocado com a Terra, arrancando uma considerável parte do nosso planeta, a qual se “misturou” com o asteróide para formarem a Lua. Milhões de anos depois disso – no passado “não muito distante” de sessenta e cinco milhões de anos, um grande asteróide (com 10 a 15 quilómetros) embateu na Terra, tendo a explosão provocado alterações na quantidade de luz solar que chegava à superfície terrestre, no clima e na vegetação, do que resultaram consequências significativas, nomeadamente a extinção dos dinossauros. Tem-se como certo que a cratera correspondente se situa no fundo do mar, no Golfo do México (a norte da península do Yucatan), razoavelmente conservada, ao contrário das que foram provocadas por colisões na superfície terrestre, onde a erosão resultante de chuvas e ventos acabou por “apagar” a sua existência. Bem mais pequeno seria o que provocou o “evento de Tunguska”, região da Sibéria onde, a 30 de junto de 1908, ocorreu uma grande explosão que se supõe ter sido de um pequeno asteróide (meteorito) cuja “onda de choque” fez fragmentar antes de embater no solo, destruindo cerca de vinte quilómetros de floresta em redor do local da queda.

Atualmente existem cerca de quinhentos asteróides com órbitas bem definidas e cujas posições se conhecem com rigor. Esses, quase de certeza, nunca irão chocar com qualquer planeta mas existem muitos outros dos quais não se sabe o suficiente para garantir que, somando todas as perturbações causadas pela gravidade de planetas nas “proximidades” dos quais passem, não venham, num futuro mais ou menos distante, chocar com o nosso planeta. Por isso, nas comemorações do “dia do asteróide” sempre se lembra a possibilidade tecnológica crescente de espiar tais “vagabundos” e preparar naves que vão ao seu encontro para – lá muito longe da Terra – desviar as suas trajectórias. Em junho de 1997, a nave lançada para observar asteróides, designada por NEAR (letras inicias de palavras, em inglês, que significam Encontro com Asteróides Próximos da Terra) visitou o Matilde (asteróide com cerca de 60 quilómetros) e, no ano 2000, a NEAR entrou em órbita do Eros (33 quilómetros), demonstrando, assim, que os conhecimentos e as tecnologias disponíveis prometem que, se algum asteróide vier em rota de colisão, há possibilidades de o desviar e evitar catástrofes com as de há sessenta e cinco milhões de anos ou, mais recentemente, em 30 de junho de 1908.

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