Home »
01 AGO 2017
Ócio
Por Jornal Abarca

Tempo de lazer para muitos. Aproxima-se o que para a maioria dos Portugueses, e não só, é um tempo de descanso, na maior parte dos casos, merecido.

Para os Romanos, otium (ócio) era o contrário de negócio (nec otium, isto é, não ócio). Sendo que este era a atividade lucrativa da qual dependia a subsistência e os respetivos dividendos a ela associados e o otium consistia na ausência de tarefas profissionais ou lucrativas, longe, contudo, de ser entendido como inatividade ou passividade. Antes pelo contrário. A libertação, a disponibilidade de ações que, apesar de poderem igualmente dar prazer na sua realização, constituem obrigações, permite outras atividades de lazer e possibilita a prossecução de outros objetivos e o enriquecimento do indivíduo, desde a visita às necrópoles do recôndito silêncio mais íntimo às paragens onde pode perlar-se das riquezas do outro usufruindo do que a natureza e a sociedade podem trazer de mais precioso.

Ocorreu a evolução da palavra negócio igualmente ao nível semântico até aos dias de hoje. Curioso é que Hermes (Mercúrio), inicialmente deus dos pastores, animais de pastoreio e outros selvagens, pois seria a principal ocupação, passaria, posteriormente, a ser, de igual forma, deus do comércio e até dos ladrões, sendo reputado de extremamente inteligente ao ponto de, ainda no berço, ter roubado um dos irmãos, o próprio Apolo, deus do sol, e também de ser o único filho de Zeus a ter sido aceite pela sua esposa, Hera, sem ser dela filho, precisamente pelo reconhecimento da sua extrema inteligência. Associa-se ainda à diligência, algo que este deus possuía, pois tratava-se do mensageiro dos deuses (representado com asas nos tornozelos), e talvez por isso o seu nome tenha sido dado ao planeta que, de tão rápido, se julgou inicialmente tratar-se de dois astros (um visível ao nascer do sol, outro ao pôr-do-sol), sendo o seu símbolo o caduceu, objeto que o deus tinha numa das mãos e que o simbolizava.

Recordemos que “O tempo e a maré não esperam por ninguém” (St. Marher). Assim, não se julgue que considero que a modorra de agosto não pode ser aproveitada para, como alguém disse, “giboiar” no sofá. Pelo contrário, este lazer deve ser uma das práticas que possibilita o retemperar de forças do guerreiro, pelo menos para quem o aprecia ou dele sente necessidade. Não obstante, este tempo pode ser empregue na realização de um leque variado de ocupações, com ou sem gizar um plano. E nisto é que reside o maior bem das férias – a liberdade do ser.

Deixo um conselho: frua!

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
 73%     Sim
 27%     Não
( 367 respostas )
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design