As opiniões nas redes sociais propagam-se quase à velocidade da luz, passe o consciente exagero. Se essa rapidez pode ser extremamente útil, não há bela sem senão, como é usual dizer-se. O senão é mais frequente do que seria desejável. Umberto Eco dizia: “'As redes sociais deram voz aos imbecis'.

Vem isto a propósito da recente polémica com os cadernos de actividades da Porto Editora para meninos e para meninas. Confesso que não segui muito a polémica, porque à partida se me colocou uma questão inicial: como é que a Editora poria na rua publicações deste teor para crianças? Bom, mas a notícia propagou-se até por jornais considerados de referência. Até que Ricardo Araújo Pereira, que não exerce jornalismo, quis ver ao vivo e no “mercado negro” conseguiu adquirir os famigerados exemplares e desmontou a polémica.

Os detentores de verdades absolutas sempre me assustaram, não pelas suas convicções, mas pelo fundamentalismo das mesmas. E, que me desculpem, de fundamentalismo fujo.

É inquestionável (até parece fundamentalismo) que todos têm direito a exprimir a sua opinião. Onde reside a questão é que opinião não é abrir a boca e dizer meia dúzia de alarvidades. É saber e fundamentar o que se afirma.

Mudemos de assunto e fiquemos por aqui, para que o que escrevo não ter laivos de moralismo. E quem sou eu para fazê-lo?

Nesta edição, para além de dedicarmos quatro páginas às eleições autárquicas, as mais próximas dos eleitores e, por ironia do destino, têm menos poder na pirâmide governativa, apesar dos esforços ciclópicos de alguns dos autarcas. Veja-se o drama dos fogos que devastaram a região e o trabalho que algumas das autarquias têm desenvolvido para preservar as suas florestas. Planos e projectos altamente elogiados que batem com o “nariz nas portas” do Terreiro do Paço.

Para desanuviar e, porque não tudo é mau, os festivais de Cem Soldos e Materiais Diversos, ou noutro âmbito a história de João Francisco que partiu para os Estados Unidos para estudar e jogar futebol merecem destaque.

Mas há mais, muito mais nas páginas que compõem esteabarca.

Uma última nota: continuamos à espera das respostas dos CTT, talvez chegue depois das eleições tal como foi noticiado sobre a acusação de Sócrates. Esperemos é que não demore tanto tempo, não deve ser uma investigação tão “complexa”.