Eleições autárquicas. Os resultados aí estão e os eleitos vão subir ao poder. Alguns foram colegas de escola, brincámos juntos... Outros eram imberbes e inocentes criancinhas quando as ruas se enchiam de gente gritando LIBERDADE. Outros ainda não tinham nascido. A idade não confere, necessariamente, integridade, confere, ou deveria conferir – há gente que levou e leva a vida a ver passar os comboios, sem qualquer alusão pejorativa ao Entroncamento – sabedoria. Aquela sabedoria a que os bancos da escola só abrem horizontes. Ou seja, um dr não significa capacidade e muito menos integridade, nem sequer faz parte do nome, apesar de cada vez mais se achar de extrema importância e passe a ser um prefixo dos franciscos, manueis, marias e joanas que pululam por este país. Para que não haja dúvidas, defendo a escolaridade/aprendizagem até ao fim da vida. A questão é outra: a pequenez de se ser importante porque se pisou a faculdade. Como dizia um velho autarca, já falecido, de uma freguesia de Torres Novas “não é por aí o carreiro”. Mas também não é por aqui que quero ir.
Continuo defensora do poder local, no entanto, cada vez mais este poder inverte o caminho: em vez de ser a voz de quem representa nos órgãos decisórios é a voz dos órgãos decisórios junto de quem representa - salvam-se honrosas excepções, generalizar é sempre injusto. Em épocas de eleições aí vêm eles falar com velhinhos e pobrezinhos, visitar aldeias abandonadas, fazer promessas que esquecem no momento seguinte. E os resultados estão à vista. Não entendo, nunca entendi e dificilmente entenderei que dois terços de um país, com a largura máxima de pouco mais de 200 km, sejam considerados interior...
Abençoado São Mateus que, com o seu ar matreiro (desenho de Fernando Ferreira), gosta de receber oferendas roubadas. Outubro é também mês de peregrinação a Fátima, assinalando a ultima aparição. Mário Oliveira, o Padre da Lixa, claramente descrente dos “milagres de Fátima” explica as suas razões, enquanto Francisco Torre carimba os passaportes dos peregrinos. Continuando os “mistérios” surge o sumidouro dos Conchos e a arte de produzir o néctar dos deuses. Para terminar que tal uma escapadinha a Dornes, onde o reluzente azul do céu envolve a cintilante água do Zêzere?