Home »
02 OCT 2017
Semana Mundial do Espaço
Por Jornal Abarca

A 4 de outubro de 1957 foi lançado no espaço o primeiro satélite artificial da Terra, uma pequena bola metálica com um pouco menos de sessenta centímetros de diâmetro com alguns instrumentos no seu interior e quatro longas antenas que, para além de proporcionarem medições de algumas caraterísticas da atmosfera terrestre, emitiam um sinal que ficou conhecido como “bip bip” e podia ser sintonizado por qualquer radioamador, durante os três meses que se manteve em órbita. Aquele ano (1957) havia sido declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) Ano Internacional da Geofísica, com o objetivo de motivar os países a conjugarem esforços que conduzissem a uma melhor compreensão dos fenómenos relacionados com a Terra, quer nas suas proximidades quer no espaço que a envolve.

Em ambiente de alguma tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética, o lançamento do Spunik 1 produziria um natural agravamento mas, simultaneamente, uma corrida desenfreada por parte dos Estados Unidos no desenvolvimento de tecnologia espacial que atenuasse este notável avanço da rival União Soviética.

Se é verdade que os dados obtidos pelos sensores do Sputnik e a maneira como o “bip bip” se propagava através da atmosfera se enquadravam no objetivo definido pelas “Nações Unidas”, não tardou muito para que fossem “esquecidos” os objetivos de “melhor compreender a Terra” e se prolongasse a competição até à Lua e, poucos anos depois, à generalidade dos planetas do nosso sistema solar, em quase todos os casos com equipamentos automáticos, exceção feita à Lua, onde, por seis vezes, os americanos fizeram pousar naves tripuladas.

Por razões óbvias, a Organização das Nações Unidas promoveu o Tratado de Exploração Pacífica do Espaço, o qual viria a ser assinado pelos estados membros, em 10 de outubro de 1967.

Apesar de algumas dificuldades, a comunidade científica de praticamente todo o mundo alcançou um progresso extraordinário com a acumulação de conhecimentos sobre a constituição dos planetas e do espaço entre eles, sobre tecnologias que permitiam manobras e viagens poucas décadas antes só teoricamente admitidas como possíveis e, finalmente, com uma quase rigorosa descrição da história da formação e evolução do sistema solar, desde há quase cinco mil milhões de anos até ao aparecimento de vida na Terra e às condições que terão permitido o desenvolvimento de plantas e animais nos últimos milhares de anos da história do nosso planeta.

Sessenta anos depois, continuamos a evocar, todos os anos, a importância do conhecimento do espaço, em particular o que nos fica perto, como que voltando, aos poucos, ao espírito da ONU de “melhor compreender a Terra”. Mesmo sem deixar de admitir possibilidades de – um dia – os terrestres pousarem em Marte ou em Titã, os satélites artificiais colocados em volta da Terra são já de alguns milhares, muitos deles para observarem os mares, as florestas e grandes extensões agrícolas e outros que suportam o nosso bem-estar proporcionando a informação prévia das condições meteorológicas, as comunicações a grandes distâncias e o conhecimento de como se comportam materiais, plantas e seres vivos nos ambientes de imponderabilidade que se verificam no interior de naves orbitais.

Depois das estações orbitais – estruturas enormes com vários laboratórios de investigação – MIR e Skylab, a Estação Espacial Internacional (vulgarmente citada por ISS, letras relacionadas com a designação em inglês), começou a ser montada no espaço (a um pouco menos de quatrocentos quilómetros da superfície terrestre) em 1998 e começou a funcionar, oficialmente, em 2011. Desde então gira em volta da Terra, a uma velocidade próxima de vinte e oito mil quilómetros por hora, realizando perto de dezasseis órbitas por dia. Quando passa acima do nosso horizonte – ao princípio ou ao fim das noites – reconhecemo-la como um ponto muito brilhante que desliza sobre as estrelas e, durante os quatro ou cinco minutos em que recebemos a luz solar reflectida por aquela estrutura (agora do tamanho de um campo de futebol), raramente nos lembramos de que no seu interior vão sempre quatro, cinco ou seis especialistas de alguma área científica, seja física, biologia, electrónica, medicina, informática, ciências de materiais ou outras.

São sempre inúmeros e diversos os assuntos em cada ano abordados durante a Semana Mundial do Espaço (entre 4 de outubro, data do lançamento do Sputnik e 10 de outubro, ocasião da assinatura do Tratado de Exploração Pacífica do Espaço Exterior) em quase todo o mundo.

O Centro Ciência Viva de Constância promove – no dia 7, sábado, entre as 15:30 e as 18:00 – um conjunto de iniciativas breves que incluem a apresentação de uma réplica (em tamanho natural) do Sputnik 1 e de um simulador dos planetas do sistema solar, “vinte minutos de conversa sobre a importância do espaço para a vida na Terra” e um apontamento musical pela Banda Filarmónica de Montalvo.

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
 73%     Sim
 27%     Não
( 367 respostas )
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design