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01 NOV 2017
Era de esperar
Por Jornal Abarca

Tal como se esperava, a Catalunha abriu o precedente. Assim como a região espanhola, também as regiões da Lombardia e Veneto, em Itália, decidiram avançar para a realização de um referendo popular, na tentativa de conseguirem obter mais autonomia fiscal. Juntas, a Lombardia e o Veneto produzem quase um terço da riqueza italiana. Por isso, o argumento subjacente aos dois referendos é idêntico ao da Catalunha: ambas as regiões italianas dão ao Estado italiano muito mais do que aquilo que recebem. Na prática, são mais de 50 mil milhões de euros que anualmente as duas regiões do norte de Itália nunca voltam a ver. Contudo, estes referendos são, em tudo, diferentes do referendo catalão: não vinculam os governos regionais ao resultado final e, além disso, enquadram-se num contexto legal já definido pelo constituição. De acordo com a lei italiana, cada região tem o direito de consultar, através de referendos, a sua população sobre a necessidade de se negociar mais autonomia política com o governo central em diversas matérias. Mas, apesar de o “sim” a mais autonomia seja o resultado esperado, isso não quer dizer que os governos regionais da Lombardia e do Veneto estejam nas boas graças populares. Os recentes impulsos autonomistas que se têm registado na Europa revelam, na realidade, um padrão político que se torna cada vez mais evidente. Tal como na Catalunha, a Lombardia e o Veneto são regiões governadas por governos minoritários que dependem da simpatia popular e apoio parlamentar para manter o controlo do poder. Infelizmente, estes governos seguiram o infeliz caminho de estimular o nacionalismo latente nestas regiões, sem qualquer projecto político a longo prazo. Neste padrão político, o poder regional está nas mãos de partidos populistas de direita ou dependem do apoio de partidos mais radicais à esquerda ou à direita. Assim que o motor do nacionalismo aquece, não há como voltar atrás. Os governos ficam reféns de uma tempestade fora do seu controlo desde o início e que devem satisfazer, de forma cada vez mais perigosa e auto-destrutiva. No fim, são poucos os que ganham e muitos os que perdem. 

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