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01 MAR 2018
Da verdade e da mentira
Por Jornal Abarca

Tenho um amigo nigeriano que acredita que não é necessário expor toda a verdade ou todos os factos para se ter conhecimento da realidade. Eu, que não sou um espírito simples, acredito no contrário: eu aceito que a verdade é e deveria ser o componente maior da realidade conhecida, eu sei que a realidade é complexa e, como tal, tanto factos positivos como negativos devem ser expostos, devem ser do conhecimento público. Eu acredito que ao esconder elementos ou factos sobre a actualidade altera a realidade, ou seja omitir, ou esconder factos altera a realidade e o nosso conhecimento das coisas e das situações.

Isto pode parecer um pouco chato ou complicado. Mas se pensarmos por exemplo na experiência feita com os media em 1938, com a transmissão da Guerra dos Mundos, nos Estados Unidos, em que rádios falaram sobre uma invasão de marcianos, onde centenas de pessoas começaram inclusive a relatar a visão de extra terrestres após ouvirem a rádio e de relatar experiências com seres de outros planetas dá que pensar…

Esta semana com a falsa notícia espalhada online que Silvester Stallone tinha morrido, um novo ciclo de pensamento invadiu a minha mente. A realidade é apenas o que queremos escutar. A notícia era falsa, mas milhares de fãs se manifestaram negativamente e positivamente sobre este facto. A mentira passou a ser uma realidade. Por causa desta época efémera onde vimos que tudo é superficial e passageiro acontece por vezes o contrário: o verdadeiro é tomado como falso. Outro amigo marroquino, do trabalho, perguntou-me sobre uma festa tradicional feita em Portugal que incitava as crianças a fumar... devido ao meu desconhecimento de tal festa, assumi que era falsa a notícia, mas não era. Ou seja a publicação ou homogeneização massiva de informação leva a apatia das massas…

Publicar ou saber-se de notícias falsas nos media pode levar as pessoas a não tomar a sério o que é dito ou escrito. Depois existe outro fenómeno muito curioso. Quando a notícia é constante, é alarmante, as pessoas acabam por banalizar tudo… vemos por exemplo as pessoas fartas de ver imagens de refugiados, fartas de ver imagens de guerra no Iraque ou Irão, fartos de ouvir histórias de crianças desaparecidas: «Olha podes mudar o canal por favor?» - pergunta uma rapariga num café português em Bruxelas- «Fartos de desgraças andamos nós».

Será que a informação se tornou um entretimento de fácil assimilação? Será que andamos todos enganados e o que queremos são palhaços de corte? Ou será que somos nós tão pouco exigentes na procura de informação correcta? Ou será que é confortável sermos todos enganados?

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