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02 MAI 2018
Alcanena - Directora da Biblioteca Municipal plagiou para escrever crónica
Por Jornal Abarca
Fotografia: Site CM Alcanena
Fotografia: Site CM Alcanena

Graça Asseiceira, directora da Biblioteca Municipal Dr. Carlos Nunes Ferreira, em Alcanena, e irmã de Fernanda Asseiceira, Presidente da Câmara Municipal, é suspeita de ter plagiado alguns textos para escrever uma crónica no portal mediotejo.net.

Na rubrica “Passe pela biblioteca”, em que vários directores de bibliotecas municipais da região são convidados a recomendar obras, Graça Asseiceira parece ter-se socorrido de vários outros artigos para construir a sua opinião acerca da obra “O Diário de Anne Frank”, um livro que faz parte do Plano Nacional de Leitura, recomendado a alunos do oitavo ano de escolaridade.

Analisando a crónica de Graça Asseiceira, é possível atentar a vários parágrafos que se assemelham bastante a quatro artigos diferentes que se podem consultar na internet.

Por exemplo, no seu primeiro parágrafo, Asseiceira escreve que “a 27 de Janeiro de 1945, os soviéticos libertaram Auschwitz, o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Nas suas câmaras de gás e crematórios, foram mortas, pelo menos, um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinónimo do genocídio contra os judeus, ciganos e outros tantos grupos perseguidos pelos nazistas”

A expressão utilizada causa estranheza pois “nazistas” é o termo brasileiro que se refere aos membros do Partido Nazi que Adolf Hitler liderou durante a segunda guerra mundial e que, em português de Portugal, é nomeado por “nazis”.

Birgit Görtz, neste texto, escreveu que “Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Em suas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio de judeus, sintos e roma e tantos outros grupos perseguidos pelos nazistas”, a base do parágrafo escrito pela directora da Biblioteca Municipal de Alcanena.

No quinto parágrafo da sua crónica, Graça Asseiceira refere que “o isolamento, os sacrifícios diários, as angústias, o medo e, principalmente, a morte, a pairar sobre esta criança de uma inteligência e de um espírito de observação invulgares, fizeram com que ela amadurecesse prematuramente”, que representa uma crónica integral do parágrafo presente neste prefácio escrito por Ilse Losa, numa das traduções do famigerado diário, embora neste caso exista a atenuante de Asseiceira escrever no final da sua crónica que a obra que recomenda é uma edição que “tem tradução e prefácio de Ilse Losa, uma escritora portuguesa de origem alemã e ascendência judaica”, embora não invalide a cópia integral do parágrafo.

Mais à frente, a autora da crónica lembra que “o anexo secreto foi saqueado e destruído durante a rusga policial. Alguns dias depois, misturados com jornais velhos e lixo espalhados pelo chão, foram encontrados os cadernos onde Anne escrevera o seu diário”, que não representa uma cópia integral deste texto de Sanderlei Silveira porque, neste caso, Asseiceira teve o cuidado de trocar o termo “batida” por “rusga”.

No mesmo parágrafo escreve que “Otto foi o único dos escondidos no anexo secreto, que sobreviveu no campo de concentração. Em 1947 decide publicar o diário”. Duas linhas que coincidem com o pensamento exposto na página hridiomas numa compilação de curiosidades sobre o tema onde escrevem que “Otto foi o único dos escondidos que sobreviveu ao campo de concentração. Em 1947, o pai decidiu publicar o diário”.

Por último, a autora sublinha que “este tornou-se não só um dos mais comoventes depoimentos contra a guerra, contra a injustiça e a crueldade dos homens como, também, um dos mais puros documentos psicológicos que todos deviam ler” que representa, mais uma vez, uma cópia do que foi escrito por Ilse Losa no prefácio da obra que Asseiceira recomenda: “Este diário tornou-se não só um dos mais comoventes depoimentos contra a guerra, contra a injustiça e a crueldade dos homens como, também, um dos mais puros documentos psicológicos que todos, e sobretudo os que contactam com gente nova, deviam ler”.

Graça Asseiceira não coloca entre aspas nenhuma das citações e apenas os parágrafos copiados do texto de Ilse Losa podem ter atenuante pelo facto de a responsável pela biblioteca de Alcanena terminar a crónica fazendo referência à obra. Mesmo assim, nunca atribuindo a Ilse Losa os parágrafos que coloca como seus na sua crónica.

O facto de Asseiceira ser directora da Biblioteca Municipal em Alcanena causa ainda maior espanto pois deveria partir de si o exemplo no que toca ao cumprimento das regras éticas, e legais, que regem as questões de plágio e direitos de autor.

Esta não é a primeira vez que Graça Asseiceira se vê envolvida em polémica. Em 2011 foi promovida à categoria de técnica superior de biblioteca e documentação da Câmara Municipal de Alcanena, num despacho assinado pela sua irmã, Presidente do Município, algo ilegal segundo o artigo 44º do Código de Procedimento Administrativo que assegura que “nenhum titular de órgão ou agente da Administração Pública pode intervir em procedimento administrativo” em caso de interesse para “o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha colateral”, num processo que se tornou embaraçoso para Fernanda Asseiceira.

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