Desde sempre que a obtenção de consensos, seja em que matéria for, tem sido uma missão espinhosa de concretizar. E nesse particular, no que respeita ao fenómeno futebolístico no concelho de Abrantes, os obstáculos que muitas vezes são criados, têm obstado a que os resultados verificados não se coadunem com a excelência das condições infraestruturais que são disponibilizadas a clubes e seus atletas. Ou seja, algo não está a correr bem nesta equação. Culpados? Enumerá-los agora é o que menos importa. O futuro é o fundamental e é nele que devem ser centrados todos os esforços. Mas sobre esta ladainha já estou eu farto de escrever e os estimados leitores certamente empanturrados de ler. Foi a Oficina do Futebol, tentativa da autarquia abrantina em regular o futebol na sua área de jurisdição, a qual antes de o ser já não era, traduzindo-se num logro; encontros informais entre dirigentes em que os interesses individuais se sobrepuseram aos colectivos; enfim, foi uma mão cheia de nada.
Adiante, que do passado não reza a história. Nos últimos tempos tem sido anunciado pelos responsáveis dos dois clubes, Sport Abrantes e Benfica e União Desportiva Abrantina a possibilidade de vir a efectivar-se uma fusão - foi esta a forma divulgada - destas duas agremiações desportivas, num quadro de especificidades próprias em que o denominador comum assentará na continuação do proporcionar da prática do futebol sénior, responsabilidade que tem sido acometida à União Desportiva Abrantina. No geral, julgo tratar-se de uma excelente iniciativa, já que não faz sentido no “cabeço” – forma carinhosa como muitos sempre (des)trataram quem fizesse do centro da cidade de Abrantes o seu lugar para viver - a existência de dois clubes a fomentar o futebol, nomeadamente nos escalões de formação. Portanto, estão de parabéns os seus promotores e dentro de um espírito contrário ao que quase sempre se tem verificado, tal como referi anteriormente, em que prevaleceu o EU em detrimento do NÓS.
Ou seja, o objectivo das actuais direcções dos dois clubes passa por, repito, manter vivo a prática do futebol sénior na cidade, para além, como é óbvio, nos vários escalões jovens, desde os minis, petizes até aos juniores. Nada mais acertado e em que a sensatez parece ser a palavra de ordem.
A única questão que levanto em todo este processo e entendo ter toda a legitimidade para o fazer, por razões que me dispenso de enumerar, é a designação que tem sido dada a esta convergência de posições manifestada, à qual tem sido atribuída a forma de FUSÃO.
Numa tradução lata, FUSÃO traduz-se no acto de fundir ou de se fundir, ou seja, não me parece que seja o termo que mais se adequará a esta situação. Até porque, como também já foi comunicado, o “futuro” clube manterá a denominação de Sport Abrantes e Benfica. Aceito que esta tenha sido a maneira mais cómoda e acima de tudo diplomática para se evitarem outro tipo de questiúnculas, numa questão que poderia provocar algumas resistências. Até porque, com todo o respeito que a União Desportiva Abrantina me merece, o Sport Abrantes e Benfica é uma instituição centenária da cidade de Abrantes. E aí acredito que ao extinguir-se a União Desportiva Abrantina, será mesmo esse o propósito, esse pormenor foi levado em consideração.
Por consequência, mais do que uma fusão, o que entendo poder vir a concretizar-se é a integração da União Desportiva Abrantina no Sport Abrantes e Benfica, sem que qualquer problema venha daí ao mundo. Antes pelo contrário. Que tal se materialize é o meu desejo, como será o de muitos, exceptuando os que não simpatizam com o “cabeço”. Sabe-se lá porquê.
Nota: A presente edição assinala a passagem do 28º aniversário do jornal “ABARCA”. A todos quantos ao longo de quase três décadas têm feito da dedicação ao jornalismo de proximidade a sua principal causa, manifesto uma palavra de agradecimento mas sobretudo de encorajamento para o futuro. Porque o jornal ABARCA tem de continuar a fazer parte do nosso percurso de vida. A todos os meus parabéns!
