Tenho que pedir desculpa aos meus fieis leitores não sportinguistas por estar, há tanto tempo, escrevendo artigos sobre a crise do meu Sporting... Prometo que será esta a última vez (salvo seja...)
A justificação ou desculpa que encontro é a importância que o Futebol ganhou na nossa vida como Nação e a semelhança existente entre a crise real que abala o Sporting e as crises latentes que ameaçam principalmente os nossos 3 ou 4 maiores clubes com futebol profissional
Quando lerem estas minhas linhas, ditadas por uma leitura talvez romântica mas realista do fenómeno desportivo e do “estado da Nação”, já uma Assembleia Geral do Sporting terá, (talvez...), ditado a demissão de Bruno de Carvalho de presidente do Conselho Directivo do SCP. É por demais conhecida a minha opinião negativa à maneira como Bruno de Carvalho tem dirigido o Clube, por isso me sinto à vontade para dizer queaAssembleia efectuada na Altice-Arena foi anti-democrática. Terá sido legal mas “moralmente” foi uma fraude. A votação de 15 000 associados, não pode espelhar o sentir e pensar dos outros 150 000 que lá nunca poderiam estar... O Sporting é de Portugal, não de Lisboa. Dizer-se que quem não vai votar é porque não quer, é desonesto.
Espero que, na próxima eleição para dirigentes do Sporting, a Assembleia já possa ser verdadeiramente democrática, antecedida de debate das diversas opções para resolver os grandes problemas do Clube. Esta ausência de debate prévio já existia há 60 anos, quando passei pelo Conselho Geral do Sporting, mas agora, com os meios de comunicação que o Clube tem, é inadmissível
Devo, no entanto, ser um dos poucos sportinguistas que vêem a presente crise com alguma satisfação e optimismo. Talvez ela acorde a massa associativa, basta pensar que:
A constituição das SAD’s terá sido uma ilegalidade, pelo menos foi a opinião do jornalista Fernando Farinha, já falecido.
Escreveu sobre isso no livro “Futebol traído e humilhado”, em 1997, que julgo ainda existir na Biblioteca de Abrantes. Merece a pena ser lido e meditado...
A movimentação de milhões de euros pelo futebol profissional promove a corrupção, o aparecimento de pequenos ditadores e o enriquecimento de uns quantos parasitas sociais.
Só não vê isto quem não quer ver. Desde a FIFA aos clubes portugueses há milhentos casos a comprová-lo.
A alteração dos Estatutos do Sporting de molde a permitir-lhe práticas comerciais foi um erro e a finalidade do Clube deverá voltar a ser, na sua essência, “o revigoramento da população portuguesa e, com ele, o engrandecimento do desporto nacional”.
Não podemos continuar a admitir a nossa escandalosa alienação pela comunicação social, principalmente através do aproveitamento do nosso amor pelo futebol.
Os três golos de Cristiano Ronaldo foram glosados pelas televisões, pelas rádios e pelos jornais de uma maneira tão exagerada que se tornou ridícula. Cristiano Ronaldo foi considerado o melhor jogador de todos os tempos.foi genial, foi divinal, chegou a ser Deus... Com estas hipérboles ninguém parece ter visto que a equipa fez mais uma exibição fraquinha, sem mostrar capacidade para construir jogadas de ataque e para rematar. Claro que os triunfos e actuações dos nossos canoistas (e das nossas canoistas, claro...) passaram quase despercebidos...
Sportingistas de boa vontade, contactem-me, leiam, por favor, o que venho escrevendo há 60 anos e, se concordarem comigo, INDIGNEM-SE, exijam aos novos gestores do Clube o que tem faltado, no Sporting e em Portugal, uma verdadeira democracia.
Apesar de todos os seus defeitos, ainda é o menos mau dos sistemas políticos.
Tramagal, 19 de Junho 2018 23:00
António Maria Coelho de Carvalho Sócio do SCP nr. 95.441-0
coelhocarvalho1928@gmail.com
