O passado dia 17 de Maio não deixará, certamente, de ficar registado nos anais no que diz respeito à realização em Abrantes de colóquios ou eventos de igual cariz. Não só pela pelo facto da plateia contar com mais de uma centena de pessoas, na sua maioria agentes ligados ao fenómeno desportivo, como também pela oportunidade do tema em análise relacionado com os comportamentos éticos desportivos, da qualidade dos oradores e das intervenções protagonizadas. Não posso deixar de congratular os promotores, no caso a União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, na pessoa do seu presidente Bruno Tomás, por ter acedido a este meu desafio, numa altura em que a atmosfera em que gravita o desporto, particularmente o futebol, já viveu melhores dias. Trazer à discussão de uma forma séria e responsável um tema tão actual mas sobretudo de uma pertinência extraordinária, tendo em conta os episódios que vulgarmente, de uma forma banal, vão acontecendo, foi mais uma oportunidade para tentar inverter um paradigma que em nada serve os interesses, sejam eles quais forem. O nosso desporto merece mais. Muito mais. Escutar as palavras sapientes de João Capela, meu particular amigo a quem aproveito este espaço para reiterar o agradecimento pela sua disponibilidade em estar presente, tal como ao Jorge Maia, foi uma ocasião ímpar para aumentarmos os nossos conhecimentos e interiorizarmos aquilo que são os valores que devem estar obrigatoriamente subjacentes à nossa conduta. Não só no desporto, como também no quotidiano pessoal e profissional de cada um de nós.
A simplicidade demonstrada pelo cidadão João Capela, que era essa a condição em que ali estava e não na pele de árbitro num qualquer estádio de futebol, é reveladora de alguém que, tantas vezes debaixo dos holofotes, adopta uma posição crítica, tremendamente razoável e equilibrada, conseguindo exprimir de uma forma escorreita o porquê da razão dever sempre sobrepor-se à emoção. Aquela que irradia comportamentos desviantes, censuráveis, tão comuns nos dias de hoje e que urge erradicar. Só por isso já valeu a pena. Como percebermos a razão da existência e fundamento do cartão branco. Isto e muito mais mereceu a atenção de todos os presentes. Ou como pela voz do Jorge Maia ficámos a saber que existem árbitros que chegam a dirigir, a troco de uns parcos euros, sete jogos num fim-de-semana, a quem tudo é exigido e ao mínimo erro vêem sobre si o mundo desabar, nas mais variadas formas, inclusive sendo alvo de violência.
O interesse dos presentes ficou bem reflectido no número de questões que foram colocadas aos oradores. Pudéssemos nós continuar e de certeza que ainda hoje lá estávamos. Ver ali muitos daqueles que me foram acompanhando no meu percurso desportivo foi igualmente motivo de regozijo. Porque são dos que acreditam num desporto com ética, com valores, mas acima de tudo dentro de um espírito de fair-play, que muitas vezes se apregoa, mas não é concretizado.
Que outros colóquios se sigam. Da minha parte cá estarei para colaborar sempre que julguem por conveniente. Apesar de ser malveirense por adopção, não esqueço as minhas raízes, a minha terra, que me viu crescer e para ela estarei sempre disponível. Assim queiram e desejem. Como aqui aconteceu.