O tempo continua a caminhar do passado para o futuro.

Cada um de nós é fruto do seu passado e será causador do seu futuro.

Onde nascemos, como fomos educados, com quem convivemos, o que presenciámos, o que lemos, o que ouvimos, todos os fenómenos de que fomos actores ou apenas espectadores, tudo o que já vivemos, todo o mundo que nos rodeou até este momento que julgamos ser o presente, moldou o nosso Ser.

Por outro lado aquilo que formos em cada momento que passa, vai produzir efeitos que causarão aquilo que seremos no futuro.

Nunca pensamos nisto, mas talvez fosse conveniente que, de vez em quando, parássemos para melhor nos conhecermos e melhor conhecermos os outros. A nossa vida é uma permanente interacção entre todos nós. Muitas das nossas dificuldades derivam da falta de tempo para pararmos, para pensarmos um pouco sobre nós próprios e também sobre os outros. Não nos conhecemos e não conhecemos os outros. Julgamo-nos sempre mais do que aquilo que somos e os outros são julgados sempre muito abaixo daquilo que são.

A tolerância substituiria a intolerância que presenciamos todos os dias, nas mais variadas situações do dia a dia. A personalidade humana seria diferente para melhor se todos os dias passados não tivéssemos assistido a fenómenos de radicalismo de várias naturezas que, para além de moldarem o ser humano de um modo ou de outro, isto é, para o rejeitarmos ou para o aceitarmos e até com ele colaborarmos na sua “transmissão” para o futuro.

Será que o facto das guerras passadas não seriam causa para, no futuro, não termos mais guerras?

Será que o facto das injustiças humanas passadas não poderiam e deveriam ser a causa da sua abolição no futuro?

Será que os nossos traumas passados não serviriam de causa para no futuro deles nos libertarmos?

O Homem é o arquitecto de si mesmo, pese embora não seja actor em todas as causas que o produziram tal como é. O Homem tem capacidade para pensar e decidir livremente. O animal dito “irracional” talvez seja apenas consequência do que o seu instinto (seja lá o que isso for) produziu. Apenas se relacionou com o seu meio ambiente imitando o que via fazer, sem a capacidade do ser humano para pensar, decidir e agir.

Por sermos efeito do passado e não o podermos alterar, já passou, ao menos que pensemos que somos a causa do nosso futuro e aí sim, podemos seguir as melhores causas para que produzam os melhores efeitos.

O mundo em que vivemos é desconhecido para cada um de nós! Conhecemos o nosso microcosmo e nada mais. Por mais voltas que dermos por mais países e continentes, tudo não passa de uma visão micro, com forte tendência para zero, do mundo, do universo em que vivemos. Se, tal como é necessário que cada um se conheça a si próprio e aos outros, é necessário que tenhamos algum conhecimento de que vivemos num universo que, por mais avançada que seja a ciência, nos é quase totalmente desconhecido.

Sabemos nós que que o sistema de estrelas mais próximo do sistema solar, é o Alfa Centauri – duas estrelas brilhantes e uma anã branca menos luminosa – cuja luz demora quatro anos e cerca de quatro meses a chegar à Terra? Quando contemplamos o Céu estamos a ver corpos luminosos e corpos iluminados cujo luz leva milhares, milhões de anos a chegar até nós! Será que quando essa luz nos chega, passados todos esses anos, os corpos celestes ainda lá estão?

Como desconhecemos o universo que nos rodeia, desconhecemo-nos a nós próprios e julgamos ser o que não somos, reis do universo!

Contemplemos o passado para melhor prepararmos o futuro.