Home »
01 AGO 2018
Estrelas cadentes em agosto
Por Jornal Abarca

Poderá parecer estranha a palavra “perseidas”, tal como não é muito vulgar “leónidas” ou “quadrântidas” mas todas elas se referem a “chuvas de estrelas cadentes” que parecem vir das constelações do Perseu, do Leão ou do Quadrante, apesar de esta última já não fazer parte das 88 que, actualmente, “preenchem” todo o céu. Embora a generalidade dos astrónomos não goste muito do termo “estrela cadente” (por sugerir a ideia muito antiga de que os traços luminosos no céu correspondiam a estrelas em queda ou a “mudar de sítio”), o cidadão comum acha mais bonito “estrela cadente” do que “meteoro”, razão por que os dois termos surgem frequentemente, significando sempre a mesma coisa: um traço luminoso na atmosfera da Terra, resultante da combustão de uma pequena “pedra” e ionização dos componentes atmosféricos, em particular oxigénio e azoto, provocadas pela alta temperatura de um grão rochoso (raramente maior que um bago de arroz), dos muitos com os quais a Terra “embate”, no seu rápido (cerca de 108 mil quilómetros por hora!) deslocamento pelo espaço.

A uma tão grande velocidade, se o nosso planeta “entra” numa região do espaço com grande quantidade de “grãos rochosos” (meteoróides), muitos deles iniciam a travessia pela atmosfera terrestre, “incendeiam-se” e formam vários rastos luminosos que parecem vir de um ponto do céu, tal como as duas linhas de um comboio (em que viajemos nos lugares mais avançados da carruagem da frente) nos parecem convergir lá ao longe, sendo essa ilusão tanto mais acentuada quanto mais velozmente o comboio se deslocar. Ao ponto do céu de onde os traços luminosos (meteoros) parecem irradiar, os astrónomos chamam “radiante” e, naturalmente, o radiante sempre coincidirá com uma constelação, da qual derivará o nome da “chuva de estrelas cadentes” ou … “chuva de meteoros”.

Em agosto de todos os anos, a Terra passa por uma dessas regiões que se admite terem sido povoadas por milhões de meteoróides, pequenas partículas deixadas por cometas que, passando a poucos milhões de quilómetros do Sol, foram aquecidos a ponto de as camadas de “gelo” exterior terem sublimado, deixando “para trás” largas toneladas de gases e poeiras que formarão um rasto que a Terra poderá cruzar, pelo menos uma vez em cada ano. Neste caso, tem-se como certo ter sido o cometa Swift-Tuttle (a designação está relacionada com os nomes dos astrónomos que o descobriram, em julho de 1862) o responsável pela nuvem que a Terra todos os anos atravessa, em agosto, e de que resultam as “estrelas cadentes” que parecem vir da constelação do Perseu. Assim, dizemos que o radiante das perseidas está na constelação referida, embora isso não signifique que os meteoros só se avistem quando o radiante está acima do horizonte. Na data da maior intensidade (“pico”) de estrelas cadentes – noite de 11 para 12 de agosto – o Perseu (uma espécie de Y invertido, desenhado pelas estrelas mais brilhantes da constelação) só estará completamente acima do horizonte, a nordeste, por volta da meia-noite. No entanto, logo a partir das 21h30 será possível avistar alguns dos meteoros que se projectam “para cima”. A partir das primeiras horas da madrugada já poderemos imaginar um guarda-chuva, aberto, com a haste apontada ao radiante (Perseu) e verificar que surgem meteoros em todas as direcções, como se seguissem as varetas do guarda-chuva.

A melhor forma de observar as “estrelas cadentes” é … “à vista desarmada”! O uso de binóculos ou telescópios fará com que se avistem menos meteoros pois, ampliando o espaço observável será menor o número dos que vão passar por aquela área, ao passo que, com os olhos, se verá praticamente todo o céu acima do horizonte. À circunstância vantajosa de (este ano) não haver luar (será Lua Nova nessa data) só faltará juntar a procura de um local com pouca poluição luminosa, para que seja possível ver meteoros de fraco brilho.

O Centro Ciência Viva de Constância estará aberto das 21:00 às 24:00 para receber participantes nas observações das perseidas e, simultaneamente, convidar a identificarem constelações e espreitarem – através de telescópios – para Vénus, Júpiter, Saturno e Marte, planetas que nesta ocasião (deste ano) são visíveis simultaneamente. A participação é gratuita, por se tratar de uma actividade integrada no Programa “Ciência no Verão”.

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
 73%     Sim
 27%     Não
( 367 respostas )
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design