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01 SET 2018
Vem aí o outono
Por Jornal Abarca

A ideia geral sobre as estações do ano tem mais a ver com as habituais condições meteorológicas, temperaturas e durações dos dias e das noites do que com os factos astronómicos que as determinam, razão por que o cidadão comum muitas vezes diz que “o tempo está mudado” ou ainda “as estações do ano já não são o que eram”, ao passo que os astrónomos são dominados por preocupações bem menores pois, para eles, as estações do ano são períodos de tempo que começam em determinado momento, têm uma certa duração e … em (muito) pouco se alteram ao longo dos anos, das décadas e mesmo de séculos e milénios.

É verdade que têm ocorrido alterações na atmosfera da Terra de que resultam condições anormais, relativamente ao que acontecia há uma ou duas décadas e, daí, observarmos fenómenos como temperaturas “extremas”, trovoadas, secas prolongadas ou chuvas torrenciais que, pela sua amplitude e frequência e ainda por acontecerem “fora da época normal”, vão aumentando as nossas preocupações. Pelo contrário, os astrónomos sabem bem que o outono (astronómico) começa sempre quando a Terra e o Sol se alinham com determinado ponto do céu e sabem por que razão (e de quanto) aquela posição se vai alterando muito ligeiramente em relação às estrelas, não se preocupando nada com o facto (certo) de, a partir do ano 2450, o início do outono coincidir com alinhamentos da Terra e do Sol com pontos da constelação do Leão enquanto agora isso ocorre com o Sol projetado em plena constelação da Virgem. E muitas pessoas sabem (e as que não sabem é apenas porque não se interessam por saber) que no outono – a uma escolhida hora da noite – as estrelas e constelações acima do horizonte são sempre as mesmas, podendo apenas haver diferenças, de ano para ano, no que respeita aos planetas visíveis e às posições que ocupam na esfera celeste, bem como à fase da Lua e à constelação em que ela se projecta.

Por exemplo, a meados do mês de setembro – deste ano como de outro qualquer das nossas vidas – ao princípio das noites, avistam-se algumas das “constelações de outono” (por se manterem à vista durante toda a noite, embora a alturas diferentes em relação ao horizonte), como a Baleia, os Peixes, o Pégaso, Andrómeda, Carneiro e Triângulo. Nesta época, elas estão sempre muito próximas do horizonte, a Este, avistando-se na região mais elevada do céu algumas outras constelações que, com o passar das horas, “descerão” para o horizonte, a Oeste, pelo que não serão observáveis durante toda a noite. Essas não são “constelações de outono” mas sim “constelações de verão” como a Lira (a que pertence a estrela Vega), a Águia (com Altair) e o Cisne (Deneb). Agora, por não ser “a sua época”, ver-se-ão apenas durante algumas horas das noites mas, mesmo assim, constituem boas referências para a localização de objetos celestes (não observáveis à vista desarmada), ao alcance dos telescópios: estrelas que parecem uma mas, na verdade, são duas ou mais; amontoados de estrelas a que é dado o nome de “enxames”, nebulosas (nuvens de gás) que são o resultado de estrelas que “terminaram” as suas “vidas” e alguns grupos de estrelas que um binóculo pode mostrar e sugerir objetos de uso comum, como um cabide, um haltére ou dois sorvetes ligados pelo vértice.

O Escorpião (outra “constelação de verão”) avista-se sempre, nesta época, muito perto do horizonte, a Sul, mostrando a sua estrela mais brilhante (Antares) no lugar do coração e sugerindo a figura do animal que, na nossa região, conhecemos (também) como lacrau.

A meados do mês de setembro – deste ano – por volta das 20:30, teremos também Vénus (já quase a esconder-se), Júpiter (brilhando um pouco menos do que Vénus), a Lua (quase em Quarto Crescente e acima de Antares), Saturno (praticamente a Sul) e Marte, à sua esquerda. Estes cinco “astros errantes” são os vagabundos da esfera celeste, que só de vez em quando aparecem, simultaneamente, projetados no “céu de outono”.

O outono vem aí (começa no dia 23 de setembro às 02:54) e não temos a certeza se vai chover muito ou pouco, se fará frio ou calor. Mas sabemos que céu veremos, sempre que não existam nuvens a pregarem-nos a partida de esconderem todos os astros.

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