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01 AGO 2018
Me, myself and I
Por Jornal Abarca

Nos já longos anos que levo de escrevedor em vários jornais locais e regionais, raras foram as vezes em que ofereci algumas linhas a mim próprio. Talvez porque nunca fui apologista do culto do auto-elogio, mas sobretudo porque entendo que a linha que separa a satisfação pessoal da necessidade do encómio permanente é demasiado ténue. Não fui, não vou, nem nunca irei por aí. Não é esse o meu caminho.

Contudo, existem momentos da nossa vida em que o reconhecimento público é uma realidade, fruto do esforço e muita dedicação que colocamos em prol de uma qualquer causa pela qual nos movemos. Aconteceu comigo. A recente distinção de que fui alvo ao ser agraciado como Delegado da Liga do Ano, não foi mais do que o corolário do trabalho que ao longo dos últimos dez anos, nos quais desempenhei essa função, fui desenvolvendo. E nada como regressar ao passado e relembrar o quão foi importante para mim a entrada no quadro de Delegados da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, qual antídoto para quem sempre respirou futebol e que, fruto de contingências várias, um período tinha sido madrasto. Injustamente. Afirmo-o sem qualquer tipo de ressentimento mas ciente do quanto me lesou. A mim e a outros.

Só alguém imbuído de um espírito de forte tenacidade e com o apoio daqueles que nos são mais próximos permitiu-me ultrapassar momentos que… já pareciam inultrapassáveis. Talvez por isso, nesta hora, não possa deixar de partilhar este prémio com todos aqueles que sempre me deram o privilégio da sua companhia, do seu apoio, mas mais importante, da sua confiança. As várias famílias, a de sangue, a do futebol, esta última a crescer a cada época que passa, tantas são as amizades que vamos criando neste mundo. Porque existe muita gente boa no futebol. Mais do que muita, ao contrário do que muitos julgam e pensam. Com a particularidade de ser genuína. E os amigos.

Talvez por isso, não deixe de recordar o momento. Quando te dizem que és o primeiro. Aquele pelo qual tanto aspiras. Como tantos outros. Num meio cada vez mais concorrencial e em que o grau de exigência aumenta a cada dia que passa, a cada delegacia que efectuamos. Porque o futebol profissional, a sua organização assim o reclama.

Contudo, a glória é efémera. Nada terá valor se não dermos continuidade ao labor ora reconhecido. Até porque jamais teria a presunção de me considerar o melhor Delegado da Liga. Fui, isso sim, o primeiro classificado da época 2017/2018. Porventura outros assim se considerarão. Não é o meu caso. Nem nunca será. 

Se para uns a modéstia é uma virtude, não tenho qualquer pejo em afirmar que no meu caso é um defeito. O meu percurso de vida assim o tem demonstrado. E vai continuar a demonstrar. Porque não me deslumbro. Como nunca me encandeei com qualquer êxito alcançado. E foram vários. Em que o “nós” sempre se sobrepôs ao “eu”. E tanto que haveria para dizer sobre isso. Mas as palavras… já o vento as levou. O importante são as acções. As nossas, mas também as dos outros. Porque são essas que nos inspiram na procura do sucesso. Como os bons exemplos.

E eu, bem, eu… procuro sempre seguir os melhores. E não me tenho dado mal.

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