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01 AGO 2018
Entre a retórica e acção
Por Jornal Abarca

Num momento em que as alterações climáticas continuam a marcar a agenda internacional, os países signatários do Acordo de Paris para as Alterações Climáticas não ficam nada bem na fotografia. Embora o mundo, em geral, se tenha comprometido em impedir o aumento da temperatura média global acima de 1,5 graus celcius em relação ao período pré-industrial, vários países estão a retroceder nos seus compromissos. Foquemo-nos nos países do G20, as maiores economias do mundo. No geral, a Agência Internacional para a Energia estima que o grupo somará subsídios a novos projectos de exploração de gás natural, um combustível tão poluidor quanto o carvão, na ordem dos 1,6 biliões de dólares até 2030. Na realidade, muitos projectos de energias renováveis estão agora a ser preteridos por investimentos no sector do gás natural.

A União Europeia em particular, que tão vincadamente criticou a saída americana do Acordo de Paris, já subsidiou a indústria do gás natural em mais de mil milhões de euros desde 2014. Mesmo em Portugal o governo não consegue desvincular-se da sua proximidade em relação ao sector petrolífero. Recentemente, o secretário de Estado da Energia argumentava que não fazia sentido o país não ter interesse em conhecer os seus recursos naturais, referindo-se à exploração de petróleo no Algarve. No fim de contas, tudo isto representa o sucesso do lobbying energético junto dos governos nacionais.

As empresas do sector petrolífero sabem que, mais cedo ou mais tarde, o mundo terá de ou será forçado a parar de usar combustíveis fósseis. Sabendo que essa data já não está muito distante, as empresas petrolíferas pretendem maximizar os seus lucros. Como? Persuadindo os governos que os combustíveis fósseis são uma ferramenta fundamental na transição para um modelo energético mais verde. Argumentos como o gás natural enquanto um combustível-ponte para um sistema energético mais verde; os rendimentos provenientes do gás e do petróleo são fundamentais para financiar a expansão do sector renovável; o sequestro de carbono para legitimar o uso do carvão ou a ideia de que o sector energético, estando na vanguarda da inovação tecnológica consegue implementar qualquer projecto energético de forma mais “limpa” que qualquer outro sector. Enquanto isso, é cada vez mais difícil acreditar que o mundo conseguirá impedir a escalada da temperatura média global e todos os impactos que isso terá.

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