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01 SET 2018
O grande falhanço ocidental
Por Jornal Abarca

Olhando para a história recente parece incompreensível assistir ao declínio do Ocidente enquanto ponto global de referência económica, política e cultural. Pensemos nos Estados Unidos. No final da Guerra Fria (quase) todos os países queriam ser como os norte-americanos: ter uma economia liberal e um regime democrático. Na viragem dos anos 1990, o número de Estados aparentemente democráticos e com economias progressivamente liberais aumentou em várias dezenas. O que não se conquista pela força, conquista-se pela atractividade. Com o “fim da história”, tudo estava pronto para, à entrada dos anos 2000, os EUA consumarem o século XXI como o século americano. O mesmo sucedeu com a União Europeia. Após a II Guerra Mundial, o processo de integração europeia, assente na partilha de soberania política e de recursos económicos numa entidade supraestatal, não só conseguiu concretizar o sonho de paz no Velho Continente como se converteu num exemplo sem paralelo em todo o mundo. Compreendendo as virtudes da integração económica, muitas regiões tentaram copiar o caso europeu: o MERCOSUL na América do Sul, o NAFTA na América no Norte ou a ASEAN no sudeste asiático. Já no continente europeu, os que não faziam parte da União, mal podiam esperar para fazer parte dela. Fazer parte da Europa (sem esquecer o acesso aos cofres comunitários) tornou-se um imperativo tão grande que países como a Turquia, que pouco têm a ver com a cultura política europeia, ou a Ucrânia, que arriscou a ira de Moscovo, insistiram durante anos numa possível adesão. Contudo, tão grande era a confiança do Ocidente no seu poder de atracção que ignorou o impacto de asneiras, como as Guerras no Médio Oriente, a intervenção na Primavera Árabe ou a aplicação de austeridade punitiva e sanções económicas a quem ousava seguir um caminho económico diferente, na imagem que criou de si no mundo. O Ocidente nunca conseguiu compreender que outros queriam alcançar a prosperidade e estabilidade ocidentais, mas não estavam necessariamente preparados para serem democracias ou economias liberais. Longe de fortalecer estes países, o modelo ocidental ainda os enfraqueceu mais, abrindo espaço para revoltas, golpes de Estado e, em último caso, grupos políticos extremistas ou mesmo terroristas.

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