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30 OCT 2018
Tramagal - Bruno Neto vai à Mongólia buscar a amiga Muxima
Por Jornal Abarca

Bruno Neto, natural do Tramagal, faz missões humanitárias pelo mundo fora e a última das quais aconteceu na Mongólia tendo terminado há cerca de três meses. Lá adoptou Muxima, uma cadela de rua por quem se apaixonou, mas que não pode trazer consigo, deixando-a ao cuidado de uma amiga que a deveria trazer a semana passada. Devido a burocracias institucionais, tal não foi possível. Bruno viajou esta terça-feira rumo à Mongólia para ir buscar Muxima, com quem espera aterrar dia 10 de Novembro em Lisboa.

Em declarações ao Diário de Notícias, Bruno conta a história. Algures em Fevereiro ou Março "estava a ir para casa a pé e vi a cadela nos escombros de uma demolição, a fazer um ninho no meio do lixo. Olhou para mim com uns olhos todos melosos, mas resisti. Sou doido por cães mas era uma complicação, estava num país estrangeiro, do outro lado do mundo. E fui para casa. Cheguei lá e vi que tinha uns restos de comida. Resolvi levar-lhos. E ela, apesar de estar cheia de fome, em vez de comer preferiu brincar comigo. Foi isso que me conquistou”.

A Mongólia, explica, é um país onde não há qualquer consideração pela vida dos cães. "Estes cães são caçados para fazer botas e chapéus. É horrível. Tiram-lhes a pele com eles ainda vivos, porque têm uma teoria qualquer de que se não for assim a pele estraga-se. São estripados vivos”. Um destino ao qual Bruno decidiu que Muxima – pelo menos ela – haveria de fintar.

No entanto, os problemas para trazer Muxima têm-lhe dado muitas dores de cabeça. "A Muxima não pôde vir comigo porque eu não sabia que era tão complicado viajar com um cão de fora da UE e não comecei a tratar das coisas a tempo. É preciso vacinar para a raiva, fazer duas análises a seguir, etc. Como não dava para a trazer quando vim, porque ainda não tinha o resultado da segunda análise - que tem de ir aos EUA para ser certificada, por qualquer razão - combinei com uma ex colega que ela traria a cadela, a minhas expensas. Ainda pensei que podia mandá-la vir através de uma transportadora mas pediram-me 6500 dólares [5700 euros], um disparate. Então, para a minha amiga poder tirar visto, apresentei tudo e mais alguma coisa como prova de responsabilização. Até pediram o saldo da minha conta bancária dos últimos seis meses. Nem os meus pais sabem quanto tenho na conta mas tive de mandar tudo para a embaixada da Alemanha na Mongólia, porque como Portugal não tem lá representação é através deles que se processa, em conjugação com a embaixada de Portugal na China”.

Contudo, mesmo apresentando todos os documentos pedidos, enviando inclusive a condecoração de Cavaleiro da Ordem da Liberdade atribuída pelo antigo Presidente da República, Cavaco Silva, em 2015, o pedido foi recusado. "Recusaram por três motivos. Primeiro, porque segundo eles "não foram apresentadas provas suficientes de que a pessoa terá condições para garantir a sua estadia no país, alimentação, capacidade de transporte entre cidades, capacidade de regresso ao país de origem, capacidade de sustentação..."; segundo, porque "as informações apresentadas sobre as condições e o objetivo da estadia não são credíveis"; terceiro, "a sua intenção de sair do território soberano dos Estados membros, antes do visto acabar, não pôde ser determinada/comprovada." Ou seja, a minha palavra não serviu de nada”.

Inconformado, decidiu pôr mãos à obra e viajou rumo à Mongólia para ir buscar Muxima. "Viajo a 30 e regresso a 10 de novembro. São 5.35 horas até Moscovo, com uma escala de quatro e mais seis horas para Ulan Batar. No regresso, a escala será de 10 horas”, explica em declarações ao Diário de Notícias. "Estou excitado com esta viagem. Não por me apetecer viajar, mas porque tenho saudades dela, saí de lá há dois meses e tal. Estava ontem a falar com a minha amiga por Skype e ela disse "vamos lá a ver se ela se lembra de ti". E chamou-a. Comecei a falar com a Muxima, como se fala com os cães, e a minha amiga disse-me que ela ficou louca, à procura de mim por todo o lado”.

Em Agosto deste ano Bruno Neto foi capa do abarca onde destacámos a sua frase: “As pessoas são o melhor do mundo”. Fazendo jus às suas palavras, embarca agora numa viagem inspiradora.

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