Dia 2 de abril foi a data que, desde 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu para o Dia Mundial do Autismo, a comemoração que procura consciencializar a opinião pública de todo o mundo para o problema do autismo. 

Entrava na sala de aula como um autómato pronto para cumprir um ritual que ao longo do ano letivo poucas alterações sofreu, não só porque os rituais são para que se respeite a sua invariância, que lhes dá estabilidade emocional, eficácia e poder, como devido à sua condição psíquica. O Heitor (o nome é fictício) entrava só na sala de aula e, para ele, não havia lá ninguém, mesmo havendo dois colegas e o próprio professor. Tinha bastante dificuldade em estabelecer algum contacto visual, mesmo com os pais ou os colegas da mesma idade. Baixo e atarracado, dirigia-se às persianas levantadas e baixavaas com convicção. A todas. Depois, chegava ao interruptor da luz e acendia todas as lâmpadas que passavam a iluminar a aula, enquanto deixava que o seu rosto inexpressivo se iluminasse também com um sorriso curto, mas satisfeito. Logo a seguir ia para o quadro preto e com o giz à disposição descarregava a figura de um animal num traço enérgico e tosco que ajudavam também a definir o seu carácter. Finalmente, levantava um pouco os olhos que até então não tinham saído dos tacos do chão ou do quadro. (...)

“A origem do autismo é comprovadamente genética. Mas não se cura, apenas admite terapias para limitar os problemas, nem se sabe exatamente qual a causa certa de autismo”, afirma Isabel Cottinelli Telmo, presidente do conselho executivo da Federação Portuguesa de Autismo (FPDA). (...)

A incidência é bastante maior entre o género masculino que entre meninas e mulheres (possivelmente três ou quatro para uma), e a sua comorbilidade com a epilepsia é bastante elevada: cerca de 50 por cento das pessoas com autismo têm também epilepsia. (...)

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