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24 ABR 2019
Tradição - Festa da Lagartixa volta dia 18 de Maio
Por Jornal Abarca

A tradicional romaria ao Tamazim volta a acontecer em 2019, numa festa que une dois concelhos, com uma caminhada entre o Semideiro, no concelho da Chamusca, e a capela de Tamazim, na freguesia da Bemposta, concelho de Abrantes. Desta vez, a procissão irá acontecer no dia 18 de Maio. No final da romaria há o habitual convívio entre os habitantes das duas freguesias junto à capela do Tamazim.

A caminhada tem o seu início pelas 9h00 na aldeia de Vale de Açor (freguesia de Bemposta) e irá terminar na capela da Nossa Senhora da Luz em Tamazim, num percurso que deverá ter cerca de 7kms de extensão. Já o passeio de bicicleta iniciará também pelas 9h00, no qual os participantes partem desde as diferentes aldeias até ao ponto de encontro, situado no cruzamento da Valeira (estrada militar), terminando no mesmo local da caminhada. De referir que os participantes inscritos tanto da caminhada como do passeio de bicicleta irão estar devidamente auxiliados no decorrer dos percursos, estando assegurados os seus transportes de regresso, presenteados com uma t-shirt alusiva ao evento e ainda lhes será distribuído no final dos respetivos percursos um pequeno lanche (bebida + sandes), de maneira a repor as energias.

“Rumo a Tamazim” é uma romaria que consiste numa caminhada e num passeio de bicicleta englobados no plano de festas do Tamazim a decorrer nos dias 18 e 19 de maio, onde existe uma antiga tradição religiosa e histórica, havendo também um piquenique já tradicional e bastante característico em que participam um grande número de pessoas, pertencendo as atividades à organização conjunta das Câmaras Municipais de Chamusca e Abrantes através das suas respetivas Freguesias, Ulme e Bemposta.Após a caminhada e o passeio de bicicleta, irão decorrer as normais cerimónias religiosas, com Eucaristia e procissão, diversas atividades e atuações, terminando já de madrugada, sem esquecer o regresso das festividades no dia seguinte.

Em 2018 o abarca esteve presente e acompanhou a romaria. Deixamos abaixo a reportagem feita na altura e pode consultar aqui a fotogaleria da procissão de 2018.

 

Reportagem da edição de Junho de 2018 sobre a "Festa da Lagartixa":

Festa da Lagartixa une dois concelhos
No lugar da Cascalheira de Cima, na pequena localidade do Semideiro, freguesia de Ulme, concelho da Chamusca, todos os anos decorre a procissão de Nossa Senhora da Luz, uma celebração integrada na Festa da Lagartixa, que é a celebração anual da população do Semideiro. 

O céu cinzento, que ameaça a celebração com chuva, dá tréguas e o sol vai brilhando cada vez mais à medida que a hora se aproxima. A procissão começa no Semideiro com destino à capela de Tamazim, na freguesia da Bemposta, concelho de Abrantes. A imagem da Santa que inspira a população pertence a uma família com tradições na zona, assim como a capela de Tamazim. Actualmente, os descendentes da família Vaz vivem em Lisboa e não criam obstáculos à realização da procissão.

Tudo tem início num casal que também pertence à família. A população vai-se aglomerando e depositam dinheiro junto da imagem da Santa, que está guardada numa pequena divisão da propriedade. É o padre da paróquia que dá início à procissão, falando à população. Logo depois, estudantes universitários trajados saem carregando aos ombros a imagem da Santa, seguindo um popular que carrega a imagem de Cristo pregado na cruz e três jovens acólitos vão guiando a marcha da caminhada.

Não que exista muito por onde enganar, pois o caminho é de sentido único, atravessando os campos verdejantes que circundam a aldeia. O padre reza um pai nosso e uma avé maria e o povo acompanha em uníssono, caminhando em marcha lenta pelos campos fora.

É uma caminhada que dura cerca de trinta minutos e termina na capela de Tamazim, cujo chão está coberto de flores. Tem, portanto, a particularidade de se iniciar numa localidade e terminar noutra, de uma freguesia até outra e partindo de um concelho finalizando-se noutro, juntando-se as populações de ambas as terras em festa. 

Após a caminhada religiosa a imagem de Nossa Senhora da Luz fica exposta à entrada da pequena capela de Tamazim enquanto é celebrada, no exterior, uma missa de cerca de uma hora.
 
Há quem faça o percurso sem calçado, tornando a procissão particularmente dolorosa, caminhando em cima de pedras e terra, em nome de uma promessa que tem de cumprir. É o caso de Filipa Rodrigues, 22 anos, membro da comissão de festas, que fez a procissão descalça para cumprir a promessa que havia feito a Nossa Senhora da Luz caso conseguisse terminar a licenciatura em direito. Aliás, Filipa é uma das jovens que fez a procissão com o traje académico justificando isso como um momento de “orgulho porque somos poucos os jovens na aldeia, ainda menos os que seguem a vida universitária”. Ao contrário do que seria de esperar, são muitos os jovens e crianças que aderem a este ritual, algo justificado por Filipa “pela tradição, estamos habituados desde pequeninos e isto vai passando de geração em geração”, diz. Admitindo que nem sempre é fácil organizar as festas, Filipa admite que tem “um bocadinho de medo que a tradição se perca” mas tem fé que isso não aconteça pois “é a nossa única tradição ainda viva”, refere esperançosa.
 
E porquê o nome Festa da Lagartixa? Filipa tem a resposta na ponta da língua: “Esta procissão realiza-se em Maio, normalmente com calor, e quando as pessoas vinham na procissão atravessavam-se muitas lagartixas pelos campos e acabou por ficar assim conhecida”, dando então nome às festas.
 
O Padre Rúben Figueiredo, pároco das freguesias de Ulme, Parreira e Chouto e Vale de Cavalos desde 17 de Setembro último, fez a procissão pela primeira vez e reconhece que esta é uma celebração “diferente, com um enquadramento bonito que nos conduz a Deus, à harmonia e tranquilidade”.
 
No final da missa, é altura dos mais fiéis se juntarem aqueles que já estavam entretidos de volta dos petiscos. A música que começa a tocar promete animação pela tarde fora.
 
Pelo bem comum
O Padre Rúben Figueiredo dá conta de que a procissão era para ser celebrada em conjunto com o pároco da Bemposta mas que tal não foi possível devido a compromissos do seu colega.
 
A junção de esforços em torno da procissão vai da religião à política. Manuel Alves, presidente da Junta de Freguesia da Bemposta, desconhece porque motivo a procissão deixou de ser organizada pela paróquia da terra mas “há uns cinco anos comecei a vir e pensei que se está na nossa zona geográfica, tínhamos de ajudar”, dando conta desse desejo à Comissão de Festas. Ajudaram na organização do evento, oferecendo, por exemplo, as t-shirts comemorativas que, no seu entender, espelham a união das duas freguesias em torno da procissão: “Viver a Tradição / Rumo ao Tamazim” é o slogan que personifica essa ligação. Manuel Alves diz que “a Comissão de Festas agarrou, e bem, esta tradição e nós apoiamos no que precisarem”.
 
Mário Ferreira, presidente da Junta de Freguesia de Ulme, refere que a procissão “é um orgulho, sobretudo para as gentes do Semideiro, pela tradição e entrega popular” aqui envolvidas. Refere que a recente união de esforços entre freguesias permite pensar em fazer algo “de outra dimensão” no futuro. A Comissão de Festas indica que “eventuais lucros, revertem a favor da igreja do Semideiro e para o fundo de apoio às futuras instalações do Centro de Dia da Casulme no Semideiro”. Mário Ferreira acredita que “só assim faz sentido” pois “o aspecto social é que fundamenta a festa e em termos históricos os lucros da festa sempre reverteram, em parte, para obras no Semideiro”.
 
Ambas as freguesias e autarquias estiveram representadas na procissão. A Festa da Lagartixa é a celebração-mor de várias uniões: entre paróquias, entre freguesias e concelhos vizinhos e, sobretudo, entre o povo e a sua fé.
 
Capela de Tamazim
É incerta a origem da procissão embora o Padre Rúben Figueiredo se mostre convencido de que é uma “tradição secular”. A Capela de Tamazim data de 1641, conforme inscrição na fachada principal. Segundo a página do município de Abrantes, a capela foi “construída em 1641 para assinalar” a vitória sobre os castelhanos. “A população prometeu construir uma Capela para celebrar” a restauração da independência. Com o fim da dinastia filipina subiu ao trono de D. João IV, dando início à Dinastia de Bragança.
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