Joana Borda d’Água formou-se em arquitectura mas desenhou a sua vida ao ressuscitar o negócio da família. Num tempo em que as grandes superfícies sufocam os pequenos comerciantes, a Drogaria Nova, em Abrantes, mostra como é possível dar a volta em tempos adversos.
A Drogaria Nova nasceu em 1943, durante o período do Estado Novo e com a segunda guerra mundial como pano de fundo. Foi a primeira loja de Vítor Borda d’ Água, avô de Joana, que acabou por abrir outros espaços de comércio em Abrantes. “O meu avô trabalhou aqui até aos 90, acabou por falecer dois anos depois”, diz a neta com evidente orgulho e não menos notória comoção. O olhar não engana. É nesse limbo que se encontrava a vida de Joana a certa altura: por um lado o desânimo por uma vida estagnada; por outro o negócio do avô, outrora próspero, em fim de linha. (...)
Em 2013 nasce a nova drogaria: “Se este tipo de loja estava a funcionar noutras cidades, porque não aqui?”, questiona. “Fisicamente o espaço foi todo renovado”, diz. “O meu avô guardava tudo, o bom e o mau. Hoje temos algumas coisas que já não se vêem por causa disso”. Contudo, “limpar” o armazém do avô permitiu alargar a loja. A loja mantém um aspecto tradicional, quer no logotipo desenhado na parede principal da loja, quer nos móveis em madeira que expõem os produtos, ou até em pormenores como a balança ao balcão típica das antigas tabernas. (...)
A drogaria vende de tudo um pouco. Sobrevivem clássicos como a pasta dentífrica Couto, sabonetes Ach. Brito, louças Bordallo Pinheiro, after shave 444, cremes Benamor, mas há espaço para produtos novos como escovas de dentes Babu ou discos desmaquilhantes reutilizáveis. (...)