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28 OCT 2019
Alcanena - Estudantes de luto contra a poluição fazem apelo: "Salvem-nos!"
Por Redacção
Alunos em protesto contra os maus-cheiros em Alcanena
Alunos em protesto contra os maus-cheiros em Alcanena

Os alunos da Escola Secundária de Alcanena realizaram hoje uma manifestação contra os maus-cheiros que têm invadido o concelho nos últimos meses. Cerca de duas centenas de estudantes, e alguns populares que se juntaram no protesto, partiram em marcha-lenta vestidos de preto e em silêncio com muitos deles usando máscaras em alusão ao ar que se respira em Alcanena, e caminharam até à Praça 8 de Maio, onde se concentraram em frente à Câmara Municipal.

“Não façam com que Alcanena passe de Capital da Pele para Capital da Morte!”
Joana Capaz e Mariana Gameiro, em representação dos estudantes, discursaram para os presentes. As jovens começaram por explicar que “a situação ambiental em Alcanena tem sido relegada por vários intervenientes para níveis inaceitáveis”, mas que “nos últimos meses a situação tomou proporções calamitosas”.

O discurso apelou “ao direito mais básico que qualquer ser humano tem direito: respirar ar puro” e que, perante a negação de tal, os alunos são claros: “não podemos ficar calados”. As jovens garantem ser “insustentável frequentar a Escola Secundária de Alcanena”, testemunham que “de manhã, ao entrarmos nas salas, cheira a podre” e mostram preocupações com a saúde pública: “A nossa pergunta é legítima: se os estores estão pretos, como ficam os nossos pulmões? O que é que estamos a respirar?”, questionam.

Perante o olhar atento do executivo camarário, as estudantes exigiram a resolução do problema lembrando que o título de Capital da Pele tem de fazer sentido: “Queremos ir estudar para fora, passear a outros concelhos ou trabalhar noutros países e que as pessoas saibam onde é Alcanena e que é aqui a Capital da Pele. Mas queremos que as pessoas saibam isso pelo lado positivo e não pelos custos que isso tem no ambiente e na saúde da população”, alertam.

As estudantes deixaram um recado aos responsáveis: “Não está certo o que estão a fazer ao povo de Alcanena!”, e foram mais longe: “Não façam com que Alcanena passe de Capital da Pele para Capital da Morte!”. Terminaram com um elucidativo “Salvem-nos!” que arrancou muitos aplausos dos populares presentes.

Do orgulho nos alunos ao casaco verde-esperança
De seguida, discursou por breves instantes Ana Cláudia Cohen, directora do Agrupamento de Escolas de Alcanena, que sublinhou o “orgulho que sinto pela acção dos alunos da nossa escola”.

Por último, Fernanda Asseiceira, presidente da Câmara Municipal de Alcanena, falou aos presentes durante aproximadamente vinte minutos, tentando explicar as razões pelas quais se têm sentido os maus-cheiros. Visivelmente desagradados, os populares apuparam repetidamente a autarca, levando a Guarda Nacional Republicana a intervir pedindo silêncio a uma popular que protestava indignada. A edil, que se apresentou vestida de verde, sublinhou ainda ter escolhido aquela indumentária num sinal de esperança na melhoria da situação.

Alcanena tem sofrido nas últimas décadas com os maus-cheiros provenientes da indústria de curtumes, o que levou a uma requalificação da rede de colectores em 2015 e com que a Estação de Tratamento de Águas Residuais passasse, em Julho deste ano, para o controlo do município. Desde Agosto, os maus-cheiros tornaram-se bastante intensos na vila e aldeias em volta, levando vários populares a mostrar o seu desagrado.

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