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01 MAI 2020
GOLEGÃ - 500 Anos de Vida
Por Jornal Abarca
Pormenor da Torre de D. Manuel, recriada em 2019
Pormenor da Torre de D. Manuel, recriada em 2019

D. Manuel I atribuiu em 1520 o Foral à Golegã, emancipando assim a terra. A proximidade do Rei à região beneficiou um território que tinha cada vez maior importância para a região. As celebrações dos 500 anos de vida do concelho da Golegã estão suspensas mas o autarca local, Veiga Maltez, sublinha a importância de não se esquecer a data.

A Golegã celebra em 2020 os 500 anos da atribuição do Foral, ou Carta de Foral, que estabelecia um concelho e regulava a sua administração. José Veiga Maltez, Presidente da Câmara Municipal da Golegã, mostra-se visivelmente orgulhoso pela longevidade alcançada pelo concelho: “Sou um privilegiado por estar à frente dos desígnios da Golegã, como edil, quando o Foral faz 500 anos”, assume. “Acho que nos eleva a todos”. 

O protagonismo da Golegã em 1520 era já relevante graças à fertilidade das suas terras, à abundância de pastos e à proximidade à Estrada Real e outras vias de comunicação, até fluviais, que impulsionaram o desenvolvimento económico da região. Assim, a 25 de Abril de 1520, D. Manuel I entregou em Évora o Foral da Golegã, conforme rezam os “Livros dos Forais Novos da Estremadura”. Veiga Maltez sublinha que “sempre que discurso no 25 de Abril refiro que foi nessa data, em 1520, que D.Manuel I entregou o Foral da Golegã em Évora” sendo esta a data de emancipação da terra. 

D. Manuel I costumava veranear em Almeirim com a sua corte, o que promoveu as relações comerciais intensas com o território da Golegã, separada por poucos quilómetros. Aliás, em 1510, o monarca passou todo o ano em Almeirim. Não só já existiam aí os Paços Reais como D. Manuel I decidiu fortalecer essa ligação com a construção do Paço dos Negros. Assim, o Rei abastecia-se de produtos agrícolas da “Vila Galega” durante as suas férias em Almeirim. “D. Manuel tinha uma grande consideração pela Golegã”, lembra o autarca. 

Mais tarde, o Infante D. Fernando, terceiro filho de D. João III e neto de D. Manuel I, apaixonado pelos encantos do já concelho da Golegã, mandou erigir na Azinhaga, à época a outra freguesia do concelho, um Paço para sua habitação permanente e de sua família “que ainda existe”, completa Veiga Maltez. “Em 1534, D. João III elevou a Golegã à categoria de vila”, recorda.

Celebrações adiadas
A Câmara Municipal da Golegã tinha planeado um programa para celebrar os 500 anos da atribuição do Foral mas, devido à pandemia da Covid-19, estas comemorações têm sido suspensas. 

O primeiro desses eventos deveria ter ocorrido a 25 de Abril, na exacta data dos 500 anos do Foral, com uma sessão solene para assinalar a data. Outro dos eventos cancelados pela autarquia goleganense foi a Expoégua, que deveria acontecer entre 15 e 17 de Maio, e que incluía também alguns apontamentos destinados a saudar a data: “Iniciámos as festividades do Foral na Expoégua do ano passado, com a inauguração de uma representação da Torre de D. Manuel I”, recorda José Veiga Maltez. “Fazia todo o sentido que nesta romaria a São Martinho, que foi cancelada, se encerrasse esta festividade”. Existiam já alguns eventos programados “com a Associação Cultural Cantar Nosso” ou “um jantar medieval previsto para a Expoégua para exaltar o documento”, refere. 

Apesar destes inevitáveis adiamentos, os próximos meses são bastante incertos. Veiga Maltez mantém a esperança de conseguir celebrar a data de forma condigna: “Já falei com o Sr. Vítor Guia, Presidente da Assembleia Municipal, e faz sentido reactivar as celebrações logo que a pandemia nos deixe”. Porque, sublinha, “faz todo o sentido não esquecer a data”.

Da pequena ermida a “tesouro monumental” 
Numa visita à Golegã, no início do século XVI, D. Manuel I foi bastante bem recebido e decidiu assistir à missa na pequena ermida de Nossa Senhora da Albergaria, actual Igreja Matriz, que achou insuficiente para a já numerosa população e não fazia jus à forma como tinha sido recebido. 

No final da celebração religiosa, após as orações, anunciou à população a intenção de edificar um templo condigno com a já reconhecida importância da Golegã. De entre os melhores arquitectos, assim foi escolhido por D. Manuel I o arquitecto Diogo Boitaca, autor das primeiras traças do Mosteiro dos Jerónimos, para a construção da Igreja Matriz da Golegã, seguindo as linhas arquitectónicas do estilo “manuelino”, o mais marcante à época, criando um “tesouro monumental que honra toda a terra ribatejana e Portugal”, como regista a página do município na internet. Apesar de ter sido prometida pelo Rei, os custos da obra não foram inteiramente suportados pela Coroa, tendo contado com o contributo dos moradores para a sua edificação.

 
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