Lá em baixo, pelas faces dos xistos que dão margens aos rios, há registos artísticos dos últimos 30 mil anos, são um testemunho direto e indireto do que foram e de como pensavam os caçadores recoletores que nos antecederam na Península Ibérica.

É um lugar verdadeiramente emocionante e um hino à grandeza da simbiose entre a Natureza, a História e a arte esplêndida com que o ser humano ali se excedeu ou até transcendeu. Do alto do outeiro vemos espraiarem-se o Douro e, saindo dele como um braço furtivo, o Côa, e entre as suas águas cheias e azuladas, uma paisagem verde e vinhateira que dá há séculos néctares rubros e dignos de deuses. Foi reconhecida pela sua originalidade e excelência, mas também, pela visão e capacidade do Marquês de Pombal, como a primeira região demarcada do mundo. Desde dezembro de 2001, o Alto Douro Vinhateiro é Património da Humanidade na modalidade de paisagem cultural. Lá em baixo, pelas faces dos xistos que dão margens aos rios, há registos artísticos dos últimos 30 mil anos, são um testemunho direto e indireto do que foram e de como pensavam os caçadores-recoletores que nos antecederam na Península Ibérica. (...)

Um destino muito diferente do que tiveram décadas antes as gravuras no Tejo, na região de Vila Velha de Ródão e Nisa, que ficaram afogadas na albufeira da barragem de Fratel. Os tempos eram outros - e a “arte do Tejo” foi afogada não só por uma ditadura, insensível a outras formas de ver o mundo que não fossem a sua, como por uma opinião pública inexistente ou censurada e por não haver (nem isso era sequer pensável) uma minoria ativa e motivada que abraçasse as memórias do rio como um património seu e do mundo. São sempre elas, as minorias, que levam o mundo a reboque, atrás de si… (...)

Poderá ler o resto da reportagem na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.