No Algarve, a Ria Formosa (que na verdade também não é bem uma ria, mas uma laguna costeira com uma profundidade média de dois metros) e o parque natural a que deu direito há algumas décadas são um nada que é tudo, tal como o mito, como era definido pelo escritor Fernando Pessoa.
É um mundo híbrido, indefinido e diferente, nele nada se encontra em estado puro, nem a terra é firme e continental nem os barcos dançam como as ondas do mar, nada é só água doce como a de um rio, e também não é salgada como a do oceano (embora no verão seja muito), não é um paraíso porque as ameaças que sofre são muitas e incisivas, nem um espaço de paz, porque são diversos os conflitos e os interesses à sua volta. (...)
De entre os habitats do PNRF, o responsável ambiental destaca as lagunas costeiras, incluindo as salinas e as pisciculturas existentes, os bancos de areia permanentemente cobertos de água do mar, os lodaçais e areias que ficam a descoberto na maré baixa, a vegetação pioneira de Salicórnia, os prados dunares de Malcolmietalia e os prados salgados e os matos halófitos (tolerantes à salinidade) mediterrânicos e termoatlânticos, os charcos temporários mediterrânicos, os matos termomediterrânicos, as dunas fixas e as pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion, entre outros. (...)
Em relação às atividades económicas tradicionais no território da laguna costeira, como a produção de sal, a pesca, a apanha de bivalves e a piscicultura, o diretor regional nota que “a produção de sal não prejudica a conservação da natureza uma vez que é feita em época já posterior à nidificação, e antes do período de invernada das aves. As salinas são habitats artificiais com importância para a avifauna”. Quanto à pesca, “no geral, encontra-se regulada, não causando danos ambientais. A pesca ilegal causa danos em pradarias marinhas, essenciais como refúgio de biodiversidade, apanha espécies abaixo do tamanho comercial e espécies não comerciais para mercados asiáticos”, diz, sublinhando que “existe fiscalização, mas muitas vezes os transgressores têm observadores em terra que os avisam da saída das entidades fiscalizadoras”. (...)
Poderá ler o resto da reportagem na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.