Home »
08 OCT 2020
REPORTAGEM - Outubro Rosa: "Às vezes acho que é Deus"
Por Jornal Abarca

A campanha Outubro Rosa tem como objectivo lembrar a importância da prevenção contra o cancro da mama e do colo do útero. Patrícia e Teresa, duas sobreviventes de cancro, contamnos as suas histórias de luta. Sara Torcato Parreira, enfermeira de oncologia, lembra que o diagnóstico precoce é fundamental.

Quando deu entrada no IPO, Patrícia decidiu que deveria fazer algo pelas crianças internadas. “Tinha prometido ao meu sobrinho que faria qualquer coisa por elas”. Em reunião com os médicos responsáveis Patrícia ofereceu-se para organizar a festa do Dia da Criança e oferecer um presente a cada uma das mais de trezentas crianças acompanhadas pelo hospital. “Pedi a todas as crianças que escrevessem dois desejos” para tentar pelo menos o mais barato.

Nesse processo conheceu Carlinhos, um menino com 12 anos vindo de São Tomé e Princípe, com cancro no joelho. Envergonhado, não escreveu nada e Patrícia deu-lhe o número de telefone para o caso de ele mudar de ideias. “Passado um bocado tinha uma mensagem dele a pedir um telemóvel para poder ver os pais”, que estavam em África.

Começou então a pedir auxílio nas redes sociais, mesmo doente deu aulas de zumba sem cobrar nada mas as pessoas que se inscreviam levavam presentes que as crianças tinham pedido e conseguiu cumprir aquilo a que se propôs. “Foi uma festa brutal”, relembra.

Mas o Carlinhos era diferente. E Patrícia, ainda antes do dia 1 de Junho, comprou-lhe o telemóvel com o próprio dinheiro. “Nas nossas conversas ele dizia muita vez que quando estava comigo as dores passavam”, recorda orgulhosa. “Aí ele dizia ‘às vezes acho que é Deus que me tira as dores quando estás comigo’”. Patrícia conta tudo com um sorriso gigante. Carlinhos tinha o desejo de regressar a São Tomé para ver a família mas havia um problema: só podia viajar acompanhado pelo médico. E, quase sempre, é no fundo dos dias mais tristes que se encontram as pessoas com o coração mais brilhante: “O médico pagou-lhe a viagem e foi com ele”.

A 25 de Fevereiro de 2018, com 17 anos, o Carlinhos morreu. “Ele sabia perfeitamente que ia morrer, e despediu-se de mim”, conta Patrícia. “Disse que me amava muito, pediu-me para cuidar de todas as crianças como tratei dele e para fazer chegar a história dele à sua terra para saberem o guerreiro que ele tinha sido”.

Patrícia tinha um diário que, durante a pandemia, transformou num blogue, com o título “Às vezes acho que é Deus”, a mesma frase que tatuou numa perna. Neste momento está a procurar a melhor forma e os apoios necessários para transformar essas escritas em livro e poder cumprir o último desejo do Carlinhos.

Leia a reportagem completa na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
 73%     Sim
 27%     Não
( 367 respostas )
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design