Eram eles, os avós, as bibliotecas das aldeias, quando algum morria a aldeia ficava indelevelmente mais pobre. Hoje, velhos como sempre, estão ignorados e perderam o seu prestígio antigo, na melhor das hipóteses são entregues a armazéns que os alinham como mercadorias, e onde continuarão a envelhecer a troco de robustas contribuições mensais.
Era a mão do avô Borges que segurava a sua, e era o pai, que lutara no Ultramar, que chegava. “Ainda hoje me acompanha no meu pensamento esse avô. Um dia viera para Tancos, para o Batalhão de Pontoneiros, apaixonou-se pela minha avó e depois teria uma oficina de latoaria ao pé de casa. Quis o destino que não o tivesse podido acompanhar à última morada, talvez por isso para mim nunca tenha partido, ainda sinto a sua mão que me segura”. Miguel Borges evoca também com saudade o seu outro avô, “era pegacho, tão típico que falava à pegacho”. O autarca de Sardoal exemplificou aos presentes, com alguns casos concretos, a forma desse belo e exótico falar. “Eu era o ‘Tom Gul’, que é como quem diz o António Miguel. Todos os dias este avô ia à pesca. E andava tanto de barco, que mal conseguia andar a pé…”
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