A Adega Cooperativa do Concelho da Chamusca (ACCC) já foi um lugar de brio e de vigorosos afetos, que se tornou em espaço de ansiedades e é agora, mais um exemplo de algo enorme e tão representativo da economia local que foi oferecido ao abandono e à desolação.

Foram grandes e numerosos os vinhedos cultivados ao longo das extensas terras chamusquenses pelas grandes casas agrícolas e casas da lavoura. (...)

Antes da criação da adega cooperativa, praticamente todos os lavradores e casas da lavoura do concelho tinham o seu lagar com a sua adega, era aí que produziam os seus vinhos, para consumo da família e dos camponeses que os serviam. Produzindo em excesso, o que sobrasse era vendido a algum retalhista, normalmente já previsto. Havia um vasto património, muita azáfama, ferramentas próprias, cuidados metódicos e expressivas coreografias que faziam o caminho desde as cepas mais bravias e da vinha até ao altar do vinho bom e pronto a consumir. (...)

Durante quarenta anos, desde 1958 até 1998, a ACCC correspondeu aos anseios dos agricultores da campina e da charneca chamusquense. Até que depois de um investimento de vulto para modernizar a produção de vinho no final do século, o negócio começou a vacilar, fruto das exigências a que o empréstimo bancário contraído obrigou e da menor entrega das uvas pelos viticultores locais, e a adega entrou em colapso. (...)

Um fim cinzento para a vinicultura de um concelho com pergaminhos históricos na produção de vinho, e que é sobretudo injusto. (...)

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